Política
Governo de Israel aprova plano de Netanyahu para ocupação total de Gaza
Plano coloca em risco cerca de 20 reféns ainda vivos mantidos pelo Hamas
O Gabinete de Segurança de Israel aprovou, nesta sexta-feira (08), após mais de 10 horas de discussões, o plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para ocupação militar total de Gaza. O plano de Netanyahu representa a primeira fase de uma ofensiva que pode levar à ocupação de todo o território palestino.
De acordo com a publicação, os cinco princípios essenciais para acabar com o que eles chamam de “guerra em Gaza” são: desarmamento do Hamas; retorno de todos os reféns (vivos e mortos); desmilitarização da Faixa de Gaza; controle israelense sobre a segurança no território palestino; e a criação de um governo civil alternativo que não seja nem o Hamas, nem a Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Segundo o comunicado, a operação será acompanhada do fornecimento de ajuda humanitária à população que estiver fora das zonas de combate. 800.000 palestinos enfrentarão uma evacuação em massa, assim que o regime israelense iniciar a tomada de um dos últimos grandes centros populacionais de Gaza.
O prazo para a primeira fase da operação, que inclui o esvaziamento da cidade de Gaza e a expansão da distribuição de ajuda humanitária, seria 7 de outubro.
Ocupação de Gaza por Israel
Durante as discussões, o chefe das Forças Armadas israelenses se posicionou contra o plano, alegando que a operação colocaria em risco os cerca de 20 reféns ainda vivos mantidos pelo Hamas e sobrecarregaria ainda mais as tropas após quase dois anos de guerra.
Esta notícia chega em um momento em que a população palestina enfrenta uma crise de fome, com o número de mortos em Gaza subindo para 61.258 e o número de feridos ultrapassando 152.000.
O Hamas afirmou que os planos representam um golpe durante as negociações por um cessar-fogo e revelam a disposição de Netanyahu para sacrificar os reféns em nome de seus interesses pessoais.
Representantes do grupo disseram à emissora Al Jazeera que tratariam qualquer governo civil instalado por Israel como “parte das forças de ocupação”.
Situação em Gaza
Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos israelenses quer que a guerra termine com um acordo que permita a libertação dos reféns restantes, e a ideia de avançar sobre as poucas áreas de Gaza que Tel Aviv ainda não controla gerou alarme em Israel.
Nesta quinta, Einav Zangauker, a mãe do refém Matan, pediu que as pessoas fossem às ruas para expressar sua oposição à expansão da campanha. “Alguém que fala sobre um acordo abrangente não vai conquistar Gaza e colocar reféns e soldados em perigo”, escreveu ela na rede social X em comentários dirigidos a Netanyahu.
O Fórum das Famílias dos Reféns, que representa os cativos mantidos em Gaza, instou Zamir a se opor à expansão da guerra e pediu ao governo que aceitasse um acordo que encerrasse a guerra e libertasse os reféns restantes.
A comoção aumentou na semana passada, quando o Hamas e o Jihad Islâmico divulgaram imagens de dois reféns vivos e desnutridos. Ainda há 50 reféns em Gaza, mas autoridades israelenses acreditam que 20 estão vivos. A maioria das libertações ocorreu após negociações diplomáticas, mas tentativas de estabelecer um novo cessar-fogo fracassaram em julho.
Para a ONU, uma possível expansão das operações militares de Israel em Gaza são “profundamente alarmantes”. O Ocha, o escritório de ajuda humanitária das Nações Unidas, estima que 87,8% de Gaza esteja sob ordens de deslocamento ou dentro de zonas militarizadas, o que significa que 2,1 milhões de civis estão se espremendo em pouco mais de 12% de território, que já era um dos mais densos do mundo mesmo antes do conflito.
A maior parte dos moradores foi deslocada várias vezes nos últimos 22 meses, e, na semana passada, o IPC (Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar), iniciativa apoiada pela ONU, afirmou que Gaza sofre “o pior cenário possível” de fome, com uma em cada três pessoas passando vários dias sem comer nada.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, quase 200 palestinos morreram de fome em Gaza desde o início da guerra, quase metade deles crianças.