A Polícia Civil de Alagoas deflagrou uma operação interestadual contra um esquema criminoso de desvio de combustíveis, com prisões realizadas na Bahia. Batizada de “Operação Rota Vazada”, a ação foi coordenada pelo delegado Igor Diego, da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), com execução da Divisão Especial de Combate à Corrupção (DECCOR).

As prisões ocorreram nos municípios de Camaçari e São Sebastião do Passé, na Bahia. De acordo com a delegada Maria Eduarda, que participou da ação, três suspeitos foram detidos — dois em Camaçari e um em São Sebastião. Um deles é assessor de vereador do município de São Sebastião do Passé.

A investigação revelou que os envolvidos falsificavam documentos para obter crédito junto a uma rede de postos de combustíveis em Alagoas e com isso, conseguiam autorizações para carregamentos que eram desviados para a Bahia, onde parte do combustível seria repassado a um posto local, em São Sebastião do Passé.

O prejuízo causado à rede alagoana é estimado em cerca de R$ 200 mil e, durante a operação, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) realizou uma vistoria no posto e identificou diversas irregularidades que serviram de base para a apuração policial. Além dos mandados cumpridos, um dos investigados foi preso em flagrante por tráfico de drogas e posse ilegal de munições. A operação teve apoio da Polícia Civil da Bahia nas cidades onde foram feitas as prisões.

Assessor de vereador

O assessor parlamentar Kevin de Castro Monteiro dos Santos, que também é sócio de um posto de combustíveis, foi um dos presos pela operação policial. Kevin atua como assessor do vereador Gil do Posto, da cidade de São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de Salvador.

A prisão ocorre meses após uma denúncia feita pelo vereador Soldado Nailson, em março deste ano. Na ocasião, o parlamentar apontou indícios de enriquecimento incompatível com a renda de Kevin, que recebia um salário de aproximadamente R$ 3,5 mil na Câmara Municipal. 

Segundo Nailson, mesmo com rendimento modesto, Kevin arrendou um posto de gasolina em sociedade com uma beneficiária do programa Bolsa Família. O posto, de bandeira Larco, teria movimentação milionária, o que levantou suspeitas de que o assessor pudesse estar atuando como "laranja" do próprio vereador Gil do Posto, notório por sua atuação no setor de combustíveis.

Após a denúncia, Kevin foi oficialmente desligado da folha de pagamento da Câmara, mas continuou atuando nos bastidores. Ele frequentava sessões ordinárias e mantinha presença constante no gabinete de Gil do Posto, mesmo sem vínculo formal.