educação

Nomeados em concurso trabalham sem receber

Apesar da posse, contratos não foram firmados
Por Sofia Sepreny ([email protected]) 29/03/2019 - 10:30
Atualização: 30/03/2019 - 18:45
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Foto: Divulgação
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Diversos educadores aprovados no último concurso da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) foram nomeados e empossados em fevereiro mas estão sem receber salário desde então.

De acordo com Alexandre Emiliano, professor de português, muitos dos profissionais que tiveram aprovação no concurso e já foram nomeados não tiveram seu cadastro realizado para o recebimento de pagamento. “Somos muitos sem a matrícula necessária para que o sistema viabilize o pagamento. Alguns com matrícula, outros sem, mas todos sem o pagamento de março”, ressalta ele.

A falta de compromisso atinge a maioria que contava com a estabilidade do concurso. “Isso afeta todos, de diversas maneiras, desde a obtenção do básico, como manter a casa, a família, até o deslocamento para o trabalho”, relata Emiliano. Ele mora em Maceió e trabalha em Colônia Leopoldina, município localizado a mais de 150km de Maceió. “Temos que pagar condução, alimentação, hospedagem. São muitos que trabalham em outros municípios diferentes de onde moram e a Seduc simplesmente não nos dá uma posição”.

Segundo outro professor que preferiu não se identificar, desde o começo do processo do concurso, quando houve a confirmação da aprovação, os problemas começaram a aparecer. “Parecia que a ideia era nos fazer desistir mesmo depois de aprovados. Houve demora, o processo de entrega de documentos aconteceu em várias etapas, professores novos foram colocados em escolas de difícil acesso. Houve muito desencontro de informações por parte dos funcionários da Seduc”, relata E.W.R.S.

As provas do concurso da Educação foram realizadas em abril de 2018. Foram 14 mil candidatos, disputando 850 vagas com salários iniciais de R$ 2.195,13 e jornada de 30 horas semanais.  São 310 escolas na rede estadual, com quase 200 mil alunos - 180.720 estudantes em 2018.

Não bastasse a expectativa de quando receberão pelo trabalho que vem sendo feito – se irão receber – os professores ainda convivem com a incerteza do firmamento dos contratos. Eles relatam que apesar da posse, nenhum documento foi entregue por parte da Seduc referente ao vínculo com o Estado.

“A informação que recebemos é que entrariam em contato conosco para a entrega de um documento comprovando essa posse, assegurando ela, mas até o momento nada oficial foi entregue. Deveríamos ter recebido algo que oficializa nossa entrada no Estado como servidores, não é?”, questionou Emiliano.

Ainda segundo ele, há um quadro de carência de professores em muitos municípios mais próximos de Maceió, e diante do exposto ele solicitou a transferência para essas cidades, para redução dos custos, “mas a Seduc só disponibilizou o município que estou hoje, caso contrário, seria exonerado”.

E.W.R.S relatou o mesmo problema. “Só foram disponibilizadas escolas em outros bairros, distantes de onde moro. Entendo que se eles queriam ocupar as vagas em escolas de difícil acesso com novos professores. Mas se exigem isso deveriam acelerar o processo de pagamento para que esses professores possam realmente cumprir suas funções. Principalmente professores, como eu, que dependem de transporte público”, afirmou.

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou por meio de nota que os professores nomeados no último concurso assumiram suas funções na segunda quinzena de fevereiro. Disse ainda que todos estarão devidamente cadastrados na folha de março 2019 e que eles receberão com retroativo de dias do mês de fevereiro e, por isso, irão para a segunda faixa de pagamento do Estado, com data de pagamento no dia 11 de abril de 2019.

Superlotação das salas de aula

Além da problemática de não receber salários, os recém empossados professores relatam sobre a superlotação das salas de aula, elemento que reflete diretamente na baixa qualidade da aprendizagem dos alunos, além do desafio diário para os educadores.

De acordo com eles, salas de aula muito cheias impossibilitam qualquer atividade personalizada. “Na escola em que dou aula, a menor turma é de 55 alunos. É uma realidade do Estado”, relatou Emiliano.

E.W.R.S leciona para alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos), e segundo ele, com as salas lotadas não é possível dar assistência a todos .”São alunos que estão há muito tempo fora da sala de aula, logo precisam de um acompanhamento melhor, mas fica impossível o professor dar assistência a cada um dos alunos em turmas de 50, 40, 35 alunos. Vale destacar que a culpa não é da direção, a escola em que trabalho é em terreno alugado, caindo aos pedaços, tem apenas 10 salas para atender a pelo menos 3 conjuntos habitacionais. Sem dinheiro, sem estrutura, sem conseguirmos fazer nosso trabalho como faremos dessa cidade uma cidade educadora?”,conclui.

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