Dados do TSE

Partidos perdem mais de 1,1 milhão de filiados em um ano

Por Victor Farias/CongressoemFoco 24/12/2019 - 13:25

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Assessoria
Fenômeno de perda de eleitores ocorreu com a maioria das siglas, segundo o TSE
Fenômeno de perda de eleitores ocorreu com a maioria das siglas, segundo o TSE

Pela primeira vez desde 2010, os partidos políticos devem sair de um ano menores do que entraram. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam uma redução de 1,1 milhão de filiados a siglas, no período de dezembro de 2018 a novembro de 2019.

O número passou de 16.807.444 para 15.691.868, quantidade mais baixa em cinco anos. Os principais perdedores são o MDB (-261.825), os extintos PRP (-250.417) e PHS (-215.096), o PP (-168.001) e o PDT (-130.321).

O fenômeno ocorreu com a maioria das siglas. Das 35 listadas pelo TSE, 24 perderam filiados. Três delas – PRP, PHS e PPL – se fundiram com outras legendas, após não conseguir ultrapassar a cláusula de barreira. Com isso, o Patriota, o Podemos e o PCdoB ganharam força e fecharam o ano com crescimento.

Dos 11 partidos que saíram maiores que entraram, destacam-se nas primeiras posições o Patriota (+230.942) e o Podemos (+197.311), que passaram por fusões, o PSL (+107.406), o Psol (+34.257) e o PRB (+27.217).

Para o líder do Podemos no Senado, Alvaro dias (PR), o aumento do partido está relacionado "à postura de uma ferramenta política à disposição da sociedade para efetivar mudanças"."O que nós tentamos mostrar é que entre a extrema-direita e a extrema-esquerda tem vida inteligente", disse.

Assim como o PCdoB e o Patriota, o Podemos também passou por fusão, mas foi o único partido dos três que recebeu mais filiados que o levado pelas outras siglas.

No caso do PCdoB, por exemplo, a ida dos filiados do PPL estancou uma pequena diminuição do partido. A sigla começou o ano com 397.239 e estava com 396.201 em agosto, quando houve o acréscimo dos partidários advindos da fusão. Com isso, a legenda terminou o ano com um crescimento de 16.403 filiados.

Doutor em Ciência Política e economista, Ricardo de João Braga explica que existe uma tendência mundial de diminuição de filiados a partidos políticos, por uma mudança de lógica democrática.

"A lógica é que os partidos hoje em dia são cada vez menos importantes para as ações políticas significativas do cidadão. Em algum momento já fez muito mais sentido ser de um partido político", explica.

Psol cresce junto com direita

Dos cinco partidos que mais cresceram em 2019, o único de esquerda é o Psol. Para o presidente da legenda, Juliano Medeiros, o papel de oposição não só ao governo Bolsonaro, mas também a partidos de centro-direita, ajuda a explicar esse aumento.

Ele acredita que, em um contexto de polarização, os partidos mais à direita ou à esquerda tendem a ganhar força, em detrimento de siglas de centro, e que não é "surpreendente" que haja um crescimento da direita, já que o partido que está no comando do Executivo nacional é dessa ideologia.

Questionado se o assassinato da vereadora Marielle Franco, correligionária do Psol, poderia ter auxiliado no processo de atração de novos filiados, Medeiros diz que a morte de Marielle colocou em evidência algumas das bandeiras do partido, como o empoderamento da mulher negra, o que teria feito muitas pessoas entrarem na política.

Partido que ganhou relevância em 2019, com a eleição dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além da nomeação de três filiados da legenda para exercer o cargo de ministro, o DEM também sofreu uma redução neste ano, perdendo 10,7% dos seus correligionários, a quarta maior redução entre os partidos que não foram fundidos.

Outra grande legenda que teve um ano difícil no que diz respeito a número de filiados foi o MDB. Mesmo com a retirada do "P" da sigla, para tentar retomar a imagem que tinha no processo de redemocratização do país, o partido com maior número de filiados do Brasil sai 10,9% menor de 2019, com 2.130.660 filiados.

Em segundo lugar no ranking dos maiores partidos permanece o PT, que conta com 1.475.973 correligionários, mas também sofreu baixa neste ano. O partido que comandou o país por 14 anos, mas está fora do poder desde 2016, ainda é a maior legenda de esquerda do Brasil, nesse aspecto.

Neste ano, no entanto, a sigla viu se interromper um processo de crescimento iniciado em outubro de 2002, quando ganhou a eleição presidencial pela primeira vez. Naquele mês, a legenda contava com 828.781 filiados, número que foi crescendo com os anos, ultrapassando 1,59 milhão de correligionários, em dezembro de 2018. Em novembro deste ano, o partido dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff contava com 1.475.973 apoiadores, uma quantidade 7,2% menor que o que detinha no no fim do ano passado.

Outros grandes que perderam espaço neste ano foram o PSDB (-93.357), o PR (-65.997), o Cidadania (-38.871) e o PSB (-37.696).


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