ELEIÇÕES

Em último nas pesquisas, professor se destaca em debates

Cícero Albuquerque denuncia milhões para usineiros e quer governo mais próximo do povo
Por Odilon Rios - Especial para o EXTRA 11/09/2022 - 06:52
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Assessoria
Cícero Albuquerque tem aproveitado debates para expor planos de governo
Cícero Albuquerque tem aproveitado debates para expor planos de governo

O professor Cícero Albuquerque (PSOL) vem ocupando posição de destaque nos debates e sabatinas entre os candidatos ao governo. Ele está nas últimas colocações nas pesquisas, suas chances de chegar ao 2º turno são mínimas e o dinheiro à disposição do partido (R$ 213.285,92) é quase nada se comparado às candidaturas milionárias de Paulo Dantas (MDB), Rodrigo Cunha (União Brasil), Fernando Collor (PTB) e Rui Palmeira (PSD). Mesmo assim, Cícero Albuquerque se sobressai nos debates e mostra intimidade nos conhecimentos empíricos de Alagoas. Tem críticas e apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB). A união de ambos, diz Cícero, se justifica: o maior inimigo do momento é o presidente Jair Bolsonaro (PL), um dos representantes da extrema direita no mundo. 

“As críticas vêm depois das eleições”, diz. A união PT e PSOL é nacional. Em São Paulo Guilherme Boulos fechou com o ex-presidente e está na campanha do ex -prefeito de São Paulo Fernando Haddad ao governo de São Paulo. União improvável em Alagoas com o PSB, encabeçado pelo prefeito de Maceió, JHC, e no palanque de Rodrigo Cunha. Cícero encarna uma candidatura que pode ser chamada de esquerda-raiz, unida ao PCB.  As pesquisas locais mostram que 1 a cada 3 alagoanos vota pela reeleição de Bolsonaro. E o presidente encarna ampla e irrestrita rejeição do eleitorado pela esquerda, rejeição, por exemplo, que alcança menos o professor.

O maior problema na campanha é o amplo desconhecimento do eleitorado local à sua trajetória na política. Tem 22 segundos de tempo na TV e no rádio. Quase nada a quem procura mostrar quem é quem na disputa estadual além de um programa de governo de extinção da pobreza usando recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep), implantação de restaurantes populares e compra de toda produção de agricultores familiares para abastecimento destes restaurantes mais mercadões a preços populares. Usa sua história de 15 anos como professor na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e a militância em Atalaia, onde faz oposição à prefeita Ceci Rocha, do grupo político da deputada estadual Fátima Canuto e seu filho, o prefeito de Pilar, Renato Filho. Foi candidato ao Senado em 2018 pelo mesmo PSOL. 

Nos debates ou sabatinas, denuncia o desigual apoio do Estado a setores produtivos mais endinheirados, como os usineiros, que desde sempre sugam os cofres públicos. Dados do comitê de Cícero Albuquerque mostram que, por ano, o setor sucroalcooleiro tem isenção fiscal de R$ 240 milhões. E a renúncia fiscal atingiu em 2021 a cifra de R$ 1,4 bilhão. É só comparar este valor com a dívida social: Alagoas lidera em analfabetismo, distorção idade-série nas escolas, terceiro mais pobre do país e os programas sociais federais ou aposentadorias de 1 salário mínimo sustentam a maioria das cidades porque as administrações estaduais ou municipais não põem em prática ideias para movimentar a economia para além das políticas de compensação de renda. No ano passado 1,3 milhão de alagoanos estavam encaixados na extrema pobreza.

“O Estado não pode continuar servindo às oligarquias enquanto o povo sofre. Os grandes privilegiados de sempre não serão prioridade em nosso governo. As velhas raposas de Alagoas precisam deixar o povo em paz e o povo deve assumir a liderança. Nossa candidatura não participa dos grandes esquemas nem é atrelada às grandes estruturas. Temos autonomia”, afirma Cícero Albuquerque. Ele propõe um trabalho de base para zerar os índices de miséria, ao mesmo tempo com grandes incentivos à agricultura familiar e comida na mesa. 

Os 4 candidatos que lideram a disputa ao governo têm em comum o investimento em infraestrutura passando por estradas, o que gera milhares de empregos (votos) mais rápido, mas também beneficiam empreiteiras que direta ou indiretamente ajudam nas campanhas. “Infraestrutura não é apenas pensar sobre estradas. É pensar em bens fundamentais negados ao povo. Na periferia as pessoas não têm acesso a saneamento básico”, explica o professor da Ufal. Do líder nas pesquisas, Paulo Dantas, cobra qualidades e diz que a candidatura dele é, em verdade, um projeto dos Calheiros. “Os Calheiros pensam que são donos de Alagoas”, sentencia. Paulo Dantas representa o palanque de Lula em Alagoas. Aliás, o ex-presidente já está no guia eleitoral pedindo votos para a reeleição do governador.

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