PESQUISAS
Bolsonaro recebeu voto útil na última hora, diz Instituto Datafolha

Os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais mostram que os principais institutos de pesquisa do Brasil indicaram corretamente tendências importantes, que se confirmaram ao longo da disputa. Ao mesmo tempo, algumas movimentações de última hora não foram captadas pelos institutos, já que as mais recentes pesquisas do Datafolha e do Ipec foram realizadas na sexta (30) e no sábado (1º) —e o pleito, como se sabe, ocorreu no domingo (2).
As informações da Folha de S.Paulo. "Datafolha e Ipec apontaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liderança e Jair Bolsonaro (PL) em segundo lugar. Ambos muito à frente do segundo grupo, formado por Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT).Os institutos também indicaram uma probabilidade importante de haver segundo turno na corrida para o Planalto, o que, de fato, ocorreu", informou o periódico.
Segundo o Datafolha, Lula tinha 50%; de acordo com o Ipec, alcançava 51%. A margem de erro era de dois pontos percentuais para mais ou menos. O ex-presidente passou para o segundo turno com 48,4%.A distância é maior, porém, quando considerados os votos em Bolsonaro. No Datafolha, o atual presidente registrou 36%; no Ipec, 37%, com mesma margem. Nas urnas, ele conquistou 43,2%.
"Pesquisa não é prognóstico. Cada pesquisa é a fotografia de um determinado momento. O resultado final é só na urna", diz Luciana Chong, diretora do Datafolha, que refuta a tese de ter acontecido algum tipo de erro metodológico.
"As pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas. Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências, mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá", declarou a direção do Ipec em nota.S
egundo Chong, é bastante provável que tenha emergido nessas horas finais um voto útil pró-Bolsonaro oriundo dos eleitores que antes declaravam preferência por Simone Tebet e, principalmente, por Ciro Gomes. O temor de que Lula fosse eleito no 1º turno pode, segundo ela, ter contribuído para esse comportamento.
"Ao longo de toda a campanha, o Ciro ajudou a alimentar o antipetismo. Na hora do voto, parte dos eleitores movidos por esse aspecto desistiram dele e escolheram Bolsonaro", diz Chong.A hipótese faz sentido quando se observa os números do candidato do PDT. A última pesquisa do Datafolha mostrou Ciro com 5%. Concluída a votação, ele ficou com 3%.Além disso, lembra Chong, 13% dos entrevistados disseram ao Datafolha que poderiam mudar de voto. É provável que a maior parte desse grupo tenha votado no atual presidente.
Outro aspecto importante da movimentação de última hora, apontado em comentário na GloboNews por Mauro Paulino, ex-diretor do Datafolha, é que o primeiro turno de 2022 teve a menor taxa de brancos e nulos dos últimos pleitos.
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