POLÍTICA
Renan critica PEC da Transição por dependência do Centrão
Senador comparou proposta da equipe de Lula para permitir pagamento do auxílio com expedientes utilizados pelo governo Bolsonaro
O senador Renan Calheiros (MDB), apoiador da linha de frente do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a PEC da Transição que está sendo costurada por representantes do novo governo. Segundo ele, a PEC é um erro e o ideal seria a equipe de Lula procurasse o Tribunal de Contas da União (TCU), em vez do Centrão, para viabilizar o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 no ano que vem.
O senador comparou a Proposta de Emenda à Constituição articulada pela equipe de Lula para permitir que as despesas sejam feitas fora do teto de gastos com expedientes semelhantes utilizados pelo governo Bolsonaro, como a PEC Eleitoral.
"É um erro político recorrer ao Centrão na semana seguinte à eleição. Não podemos repetir velhos erros. Só desestabiliza, preocupa o mercado sem necessidade", disse ele ao Globo.
Para aprovar uma PEC são necessários três quintos dos votos, tanto na Câmara quanto no Senado, em dois turnos de votação em cada Casa. Para isso, o governo Lula fatalmente precisará do apoio do Centrão, cujo núcleo duro é formado por PP, PL e Republicanos, analisa o Globo.
Arthur Lira, adversário ferrenho de Renan, é um dos expoentes desse grupo. A equipe que está debatendo o Orçamento de 2023 para o presidente eleito estima que será preciso obter espaço fiscal de cerca de R$ 200 bilhões no próximo ano. O valor seria necessário para manter o pagamento do benefício de R$ 600 do Auxílio Brasil, mas também para garantir aumento real do salário mínimo.
Apesar das críticas, Renan afirmou que irá atuar para garantir a governabilidade. Para isso, o senador se encontrou na quarta-feira com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha de Lula, e irá se encontrar com a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).
"O que nós precisamos é construir uma frente partidária sólida, com 51 senadores, na largada, 312 deputados, para eleger o presidente da Câmara, do Senado e para aprovar as reformas necessárias. Dando conteúdo político à essa frente", afirmou.
O emedebista tem expectativa de voltar a presidir o Senado. O atual ocupante do posto, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), porém, já articula sua reeleição em fevereiro.