O hacker Walter Delgatti Neto prestou depoimento nesta quinta-feira, 17, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Desde o dia 2 de agosto, Delgatti está preso por sua participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele ficou conhecido nacionalmente em em 2019 quando divulgou mensagens confidenciais de várias autoridades ligadas à operação Lava Jato. Este incidente, sob investigação na operação Spoofing, ficou conhecido como o caso "Vaza Jato".
Em relação a Delgatti e Carla Zambelli, deputada federal alinhada ao grupo bolsonarista, a Polícia Federal (PF) realizou buscas e apreensões com base em suspeitas de envolvimento em um esquema que visava inserir alvarás digitais de soltura e ordens de prisão falsas no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do CNJ. Um dos alvos desses documentos era Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).relacionadas_direita
Em junho deste ano, Delgatti admitiu parcialmente sua participação no esquema perante a PF. Ele alegou que a invasão tinha o propósito de expor vulnerabilidades no sistema judiciário brasileiro, com o intuito de desacreditar o sistema eletrônico de votação.
De acordo com Delgatti, Zambelli solicitou que, se não fosse possível invadir as urnas eletrônicas, ele deveria buscar por "diálogos comprometedores" envolvendo Alexandre de Moraes. Em resposta, Delgatti afirmou que poderia inserir um mandado de prisão contra o ministro no sistema do CNJ. O próprio hacker afirma que Zambelli redigiu o texto e o enviou para divulgação.
Ainda, Delgatti alega que houve um suposto encontro entre ele e Jair Bolsonaro em 10 de agosto de 2022, intermediado por Carla Zambelli. Na ocasião, Delgatti relata que o ex-presidente perguntou se, com acesso ao código-fonte, seria possível invadir as urnas eletrônicas.
"Vaza Jato"
Sobre o caso "Vaza Jato", Walter Delgatti Neto foi o responsável pelo vazamento das trocas de mensagens entre membros da Operação Lava Jato, como o procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz e atual senador Sergio Moro, encarregado da operação em Curitiba. As mensagens reveladas expuseram uma colaboração coordenada entre os procuradores e Moro nos casos relacionados ao ex-presidente Lula. Essas revelações tiveram um papel crucial nas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que culminaram na declaração da suspeição de Moro nas condenações de Lula.
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