Alan Santos/Presidência da Republica
Jair Bolsonaro e Mauro Cid
O advogado Cezar Bittencourt, responsável pela defesa do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, afirmou nesta quinta-feira, 17, que seu cliente vai admitir ter vendido as joias da Presidência nos Estados Unidos por ordem de Jair Bolsonaro e entregue o dinheiro ao ex-presidente. A informação foi primeiramente reportada pela revista Veja.
Desde maio, Cid encontra-se detido. Durante o mandato presidencial de Bolsonaro, ele era um dos principais colaboradores de confiança. Conforme determinado pelo Tribunal de Contas da União, os presentes recebidos deveriam ter sido incorporados ao patrimônio público, não vendidos como bens pessoais.
Bittencourt assumiu a defesa de Cid na terça-feira, 15, sendo o terceiro advogado do caso desde a prisão de Cid. O advogado já havia esclarecido que Cid seguia apenas ordens superiores. A investigação da Polícia Federal indica que as negociações das joias e presentes concedidos a Jair Bolsonaro durante sua presidência começaram a ocorrer nos Estados Unidos em junho de 2022.
Nesse período, a equipe de Mauro Cid requisitou ao Gabinete de Documentação Histórica a lista de relógios presenteados à Presidência até então, conforme solicitado por Cid. Em 2 de junho, um outro ajudante de ordens recebeu a lista de 37 itens com os detalhes dos fabricantes, de acordo com as instruções de Cid.
Quatro dias depois, Cid retirou um conjunto de joias, incluindo um relógio Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico, do acervo. Estes itens tinham sido entregues a Bolsonaro em uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.
Em 8 de junho, Bolsonaro e Cid viajaram para os Estados Unidos para a Cúpula das Américas em Los Angeles. Segundo a Polícia Federal, Cid levou o conjunto de joias no voo oficial da Força Aérea Brasileira. Os investigadores afirmam que Cid não retornou ao Brasil com a comitiva e que levou as joias para a casa de seu pai, Mauro Cesar Lourena Cid, que ocupava um cargo na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami desde 2019.
Em 13 de junho, Mauro Cid viajou para a Pensilvânia para vender os relógios Rolex de ouro branco e Patek Philippe. A Polícia Federal identificou, através da análise dos dados armazenados no celular de Mauro Cid, um recibo de depósito de uma loja no valor de US$ 68 mil nessa mesma data. Esse montante equivale a R$ 332 mil.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), enviado à CPI dos Atos Golpistas apontou atividades financeiras consideradas atípicas nas contas de Lourena Cid. O relatório destaca que, entre fevereiro de 2022 e maio de 2023, ele movimentou quase R$ 4 milhões, entre valores recebidos e enviados.
A Polícia Federal afirmou que um novo conjunto de presentes oficiais deixou o Brasil alguns meses depois, em dezembro. Essa mala embarcou no avião presidencial que levou Bolsonaro aos Estados Unidos no final de seu mandato.
As mensagens do celular de Cid indicaram que ele estava levando consigo uma mala específica destinada à casa de seu pai, em Miami. De acordo com a Polícia Federal, essa mala continha duas esculturas douradas: uma árvore e um barco. A escultura da árvore se assemelha à recebida por Jair Bolsonaro em novembro de 2021 durante uma viagem ao Bahrein.
Em 4 de janeiro de 2023, enquanto Lourena Cid, pai de Cid, já estava com a mala, seu filho Mauro Cid pediu que ele "não se esquecesse de tirar fotos".
A Polícia Federal destacou que, no mesmo voo de dezembro, Mauro Cid possivelmente levou para os Estados Unidos o conjunto de itens masculinos da marca Chopard, conhecido como "kit rose". Esse conjunto tinha sido dado ao então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, durante uma viagem à Arábia Saudita.
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