INTERNACIONAL

Lula x Israel: veja na íntegra discurso que comparou israelenses a Hitler

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou controvérsia ao comentar ação militar de Israel
Por Bruno Fernandes 19/02/2024 - 10:45

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Youtube/Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula concede entrevista à jornalista Edilene Lopes, da Rádio Itatiaia
Presidente Lula concede entrevista à jornalista Edilene Lopes, da Rádio Itatiaia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causou controvérsia ao comparar a ação militar de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza ao genocídio liderado por Adolf Hitler durante a 2ª Guerra Mundial, em declaração feita neste domingo, 18.

Lula criticou a suspensão de contribuições humanitárias aos palestinos pelo mundo rico, defendendo a continuidade do auxílio mesmo diante de suspeitas levantadas por Israel. Comprometeu-se a defender na ONU o reconhecimento pleno e soberano do Estado palestino.

Ele equiparou a situação em Gaza ao massacre de judeus por Hitler, apelando para a reconstrução das casas destruídas e para atender às necessidades das vítimas palestinas. Criticou a falta de governança global, citando a falta de deliberações do Conselho de Segurança da ONU em questões cruciais.

Manifestou solidariedade ao povo palestino, condenando tanto o Hamas quanto as ações do exército de Israel em Gaza, em meio à reação negativa de líderes israelenses e críticas internacionais. Veja alguns pontos abordados durante a fala:

— Crítica à interrupção da contribuição humanitária aos palestinos, enfatizando a necessidade de solidariedade diante do que é descrito como genocídio na Faixa de Gaza.

— Compromisso do Brasil em continuar apoiando o povo palestino, inclusive na defesa do reconhecimento do Estado palestino como soberano e pleno na ONU.

— Chamado para uma postura mais humanitária por parte dos líderes políticos globais, destacando a falta de instâncias de deliberação e governança internacional.

— Referência histórica ao Holocausto para enfatizar a gravidade da situação na Faixa de Gaza e o apelo para evitar uma postura pequena diante de um problema tão urgente.

— Condenação das ações do exército israelense em Gaza, enquanto também se distancia das ações do Hamas, reforçando o compromisso brasileiro com a causa palestina.

Leia a fala na íntegra:

“É muito engraçado. Quando eu vejo o mundo rico anunciar que está parando de dar contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio.

“De que não é uma guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre soldados altamente preparados e mulheres e crianças. Olha, se houve algum erro nessa instituição que apura dinheiro, que se apure quem errou. Mas não suspenda a ajuda humanitária a um povo que está há quantas décadas tentando construir o seu Estado.

“O Brasil não apenas afirmou que vai dar contribuição –eu não posso dizer quanto porque não é o presidente quem define. É preciso ver quem é que cuida disso no governo para ver quanto é que vai dar. O Brasil disse que vai defender na ONU [Organização das Nações Unidas] a definição de o Estado palestino ser reconhecido definitivamente como Estado pleno e soberano.

“É importante lembrar que em 2010 o Brasil foi o 1º país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem que ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus.

“Então não é possível que a gente possa colocar um tema tão pequeno, sabe, você deixar de ter ajuda humanitária. Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai retribuir a vida de 30.000 pessoas que já morreram, 70.000 que estão feridos? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram sem saber por que estavam morrendo?

“Isso é pouco para mexer com o senso humanitário dos dirigentes políticos do planeta? Então, sinceramente, ou os dirigentes políticos mudam seu comportamento com relação ao ser humano, ou o ser humano vai terminar mudando a classe política.

“O que está acontecendo no mundo hoje é falta de instância de deliberação. Nós não temos governança. Eu digo todo dia: a invasão do Iraque [pelos EUA em 2003] não passou pelo Conselho de Segurança da ONU, a invasão da Líbia [pelas forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 2011] não passou pelo Conselho de Segurança da ONU, a invasão da Ucrânia [pela Rússia em 2022] não passou pelo Conselho de Segurança da ONU e a chacina de Gaza não passou pelo Conselho de Segurança da ONU –aliás, as decisões do Conselho não foram cumpridas. E tampouco foi cumprida a decisão penal tomada agora no processo da África do Sul.

“O que é que estamos esperando para humanizar o ser humano? É isso que está faltando no mundo. Então o Brasil continua solidário ao povo palestino. O Brasil condenou o Hamas, mas o Brasil não pode deixar de condenar o que o exército de Israel está fazendo na Faixa de Gaza.”

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