A Caixa Econômica Federal contratou Luiz Maurício Carvalho e Silva, advogado ligado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), como consultor da presidência do banco. A nomeação ocorreu em 20 de setembro, e o advogado está lotado no gabinete do presidente da Caixa, Carlos Vieira, indicado ao cargo pelo próprio Lira no fim de 2023.

Segundo reportagem publicada nesta terça-feira, 26, na Folha de S.Paulo, Luiz Maurício atua na defesa de Lira em disputas judiciais relacionadas a posseiros e terras não declaradas em Pernambuco e já representou a mãe do deputado em outro processo. Antes de ingressar na Caixa, trabalhou na Codevasf, estatal controlada por aliados de Lira, alvo de denúncias de corrupção envolvendo emendas parlamentares.

O nome de Luiz Maurício também está associado a movimentações financeiras investigadas pela Polícia Federal (PF) no caso dos kits de robótica. A investigação, que apontou irregularidades na aquisição dos equipamentos com recursos de emendas parlamentares, revelou transações entre o advogado e Murilo Sergio Juca Nogueira Junior, policial e empresário investigado no esquema. Luiz Maurício transferiu R$ 50 mil a Nogueira Junior, alegando tratar-se de pagamento de um empréstimo pessoal.

A PF encontrou R$ 4 milhões em dinheiro em um cofre pertencente a Nogueira Junior e apontou conexões entre o empresário e a empresa Megalic, responsável pelos kits. Os kits, adquiridos por R$ 2.700 cada, foram revendidos a prefeituras por R$ 14 mil. A Megalic nega irregularidades. O escritório de advocacia de Luiz Maurício funciona no mesmo endereço de uma consultoria pertencente a Luciano Cavalcante, ex-assessor de Lira e também investigado no caso. Ambos negam vínculo entre as empresas, afirmando apenas compartilhar o imóvel.

As investigações da PF foram anuladas pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sob o argumento de que houve desrespeito ao foro privilegiado de Lira. O ministro também determinou a devolução de bens apreendidos durante a operação, como carros e computadores. Apesar da anulação, a Segunda Turma do STF manteve o bloqueio de valores encontrados em cofres e malas de investigados, citando dúvidas sobre a origem dos recursos.

Consultores da presidência da Caixa recebem cerca de R$ 40 mil mensais, mas a instituição não confirmou o valor exato do salário de Luiz Maurício. Em nota, a Caixa informou que a contratação seguiu os protocolos de governança e integridade, e que o cargo tem como função assessorar em aspectos estratégicos e legais do banco.