A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas intensificou a pressão para que o prefeito de Maceió, JHC, desvincule sua imagem ao PL. O gestor tem negociado sua filiação ao PSD, partido que integra a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e possui forte presença no Nordeste. No entanto, as negociações não têm avançado devido a divergências com Rui Palmeira, presidente da sigla em Alagoas.

Na última visita de Bolsonaro a Alagoas, JHC não se encontrou com o ex-presidente. A ausência foi notada, sobretudo pelo histórico de apoio do prefeito, que ingressou no PL em 2022 para respaldar Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais. Antes, JHC estava no PSB, partido pelo qual se elegeu prefeito em 2020.

A formalização da denúncia contra Bolsonaro aumenta as incertezas sobre seu futuro político. Entre as possibilidades está uma eventual prisão, além da dificuldade de reaver os direitos políticos e concorrer em 2026. Essa incerteza política tem gerado dispersão entre seus aliados e impactado o bolsonarismo em várias regiões.

Bolsonaro já teve votação expressiva em Alagoas, sendo homenageado com o título de Cidadão Honorário. Entretanto, em sua última passagem pelo estado, o público presente foi reduzido, e a presença política se limitou a um vereador de Maceió, Leonardo Dias. Durante sua estadia em Maragogi, o ex-presidente recebeu poucas visitas e encontrou uma recepção discreta.

Até então, a movimentação de JHC para migrar ao PSD estava associada a dois fatores. O primeiro é o encerramento do repasse da indenização da Braskem à prefeitura. Sem essa receita, o gestor busca assegurar recursos federais para viabilizar projetos e fortalecer sua posição para uma eventual disputa ao governo estadual em 2026.

Outro fator apontado por aliados de JHC é a intenção de facilitar a indicação de sua tia, a procuradora Maria Marluce Caldas Bezerra, para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). A filiação ao PSD, alinhado ao governo federal, poderia favorecer essa nomeação e também distanciar sua imagem com a do ex-presidente.