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Presidente da Câmara, Hugo Motta vê apoio político de Lira se desgastar
Deputado enfrenta críticas de bolsonaristas, da esquerda e até de seu principal aliado
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), vive um momento de isolamento político. Sob ataques da direita, da esquerda e de seu próprio fiador, o ex-presidente da Casa Arthur Lira (PP-AL), o parlamentar acumula dificuldades para conduzir votações relevantes e ainda precisa lidar com denúncias envolvendo sua atuação e a de familiares.
No campo bolsonarista, Motta enfrenta resistência desde a eleição da mesa diretora, em agosto. Deputados próximos a Jair Bolsonaro pressionam pela votação da anistia, promessa não cumprida até agora. O vice-presidente da Câmara, Altineu Cortes (PL-RJ), chegou a declarar que pautaria o tema caso assumisse interinamente o comando.
A relação com Arthur Lira, fundamental para sua eleição em fevereiro, também se deteriorou. Lira critica a falta de objetividade do sucessor e cobra a votação da cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), aprovada no Conselho de Ética. Motta, por outro lado, vê nas críticas reflexo da indefinição do projeto político de Lira em Alagoas, que envolve a disputa pelo Senado em 2026.
Com a esquerda, o desgaste é resultado da lentidão no andamento de propostas consideradas prioritárias pelo governo, como a PEC da Segurança e a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil. Medidas fiscais apresentadas pelo Executivo também foram derrubadas pelo plenário sob sua gestão.
As pressões políticas se somam a denúncias de irregularidades. Reportagens revelaram suspeitas de rachadinha em seu gabinete, a nomeação de aliado condenado por desvios de recursos públicos e a compra de um imóvel registrada com valor muito abaixo do mercado. Além disso, o Ministério Público Federal ajuizou ação contra uma empresa acusada de corrupção em Patos (PB), cidade administrada por seu pai, Nabor Wanderley Filho. Emendas de Motta destinadas ao município são investigadas pela Polícia Federal.