CBTU, Codevasf, Incra...
Lira seguirá controlando órgãos federais em AL após saída do PP do governo
Progressistas, em federação com o União Brasil, comunicou que deixará os cargos no fim deste mês
Mesmo após o anúncio da saída do Progressistas do governo Lula, Arthur Lira continuará mantendo influência sobre órgãos federais em Alagoas. A presença de aliados do deputado seguirá em cargos estratégicos como Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Porto, além de diretorias da Caixa Econômica.
O Progressistas, em federação com o União Brasil, comunicou que deixará oficialmente os cargos no fim deste mês. Apesar disso, a manutenção de indicações estaduais indica que a mudança deve afetar principalmente a estrutura em Brasília, e não nos estados.
Ainda em junho de 2025, o deputado reforçou seu controle sobre a CBTU em Alagoas com a nomeação do advogado Max Ferreira ao cargo de superintendente. Max é filho do prefeito de Limoeiro de Anadia, Marlan Ferreira, aliado político de Arthur Lira.
A gestão da CBTU em Maceió tem um orçamento de pouco mais de R$ 160 milhões e já abriga outros nomes próximos ao ex-presidente da Câmara dos Deputados. André Marcelino Viana Silva, que atuou com Lira em Brasília, ocupa o cargo de coordenador operacional de Planejamento. Orleanes Lira, prima do deputado, é gerente de finanças da unidade.
Além da superintendência, membros da família Cavalcante, ligados ao grupo de Lira, também possuem cargos de destaque. A esposa de Luciano Cavalcante, Glaucia Maria, é gerente de Planejamento e Engenharia, com salário superior a R$ 13 mil. Carlos Jorge, o ex-superintendente, recebia R$ 19,4 mil.
O diretor-presidente da companhia, José Marques de Lima, ocupa o cargo desde 2016, com apoio de Arthur Lira. Ele recebe salário de R$ 25,7 mil e permaneceu no posto durante três diferentes governos federais.
Hoje, União Brasil e Progressistas somam mais de 140 cargos na máquina federal. São 97 ligados ao União e 43 ao Progressistas. Muitos deles estão em órgãos com grande orçamento, como DNOCS, sob comando do PP, e Sudene, com diretores do União.
A saída dos dois partidos abre espaço para disputa por cargos na Esplanada. PSD e PDT já demonstraram interesse em ocupar parte dessas posições. Lula, no entanto, afirmou a aliados que não deve abrir espaço a quem pretende concorrer em 2026, já que precisará deixar o governo em abril.
Em Alagoas, a permanência de indicados de Arthur Lira amplia a tensão política com Renan Calheiros, que já dominou a maioria dos cargos federais no estado. Para o Planalto, Lira ainda é visto como possível aliado pela força que tem nas articulações do Congresso.