POLÍTICA
Governo exonera indicados ligados a Arthur Lira após derrota na Câmara
Cargos na Caixa e Agricultura foram ocupados por aliados do alagoano
O governo federal iniciou uma série de exonerações de aliados políticos após sofrer uma derrota na Câmara dos Deputados com a Medida Provisória (MP) que previa o aumento do IOF e perdeu a validade. Entre os atingidos estão indicações ligadas ao deputado federal Arthur Lira (PP-AL), e a parlamentares do PP, PL, PSD e MDB.
As mudanças ocorreram principalmente na Caixa Econômica Federal e no Ministério da Agricultura. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, as demissões foram articuladas pela Secretaria de Relações Institucionais (SRI), comandada pela ministra Gleisi Hoffmann, responsável pela articulação política do governo.
“Os deputados optaram por ficar contra o governo em uma votação muito importante. Quem está contra o governo não tem porque permanecer com indicações no governo. Acho que eles já sabiam disso e fizeram opção por sair. Isso atinge todos os partidos”, afirmou a ministra Gleisi Hoffmann.
Cargos da Caixa sob influência de Lira
A presidência da Caixa e suas vice-presidências foram indicadas por um grupo de parlamentares liderados por Arthur Lira, em um acordo político para garantir base de apoio ao governo na Câmara. Embora Lira não tenha participado da votação da MP, parte das vagas ocupadas por seus aliados foi afetada.
Entre as mudanças, Rodrigo Lemos deixou a vice-presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital, cargo que agora está interinamente sob comando de Jean Rodrigues Benevides, diretor-executivo do banco. A escolha de Lemos era atribuída ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas que em algumas pautas votava com o governo, como na Reforma Tributária e no arcabouço fiscal.
O consultor da presidência da Caixa, José Trabulo Júnior, também foi exonerado. Ele é ligado ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado de Lira e ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro.
Apesar das trocas, o governo deve manter Carlos Vieira na presidência da Caixa, nome escolhido com aval de Arthur Lira. Segundo fontes do Planalto, Lira não será diretamente atingido pelas exonerações, diferentemente de deputados que votaram contra a MP.
Agricultura e DNIT também passam por mudanças
As superintendências estaduais do Ministério da Agricultura em Paraná, Maranhão, Pará e Minas Gerais também tiveram seus chefes substituídos. As trocas atingiram principalmente indicações do PSD, após todos os deputados do partido no Paraná e Maranhão votarem contra a MP.
No Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a superintendência de Roraima foi trocada após o voto contrário da deputada Helena Lima (MDB-RR), apontada como madrinha do cargo.
Centrão na mira e próximos passos
Com as demissões, o governo enviou um recado claro à base aliada: quem vota contra o Planalto perde espaço na máquina pública. A SRI já mapeia novas exonerações e, segundo fontes, quase todas as vice-presidências da Caixa indicadas politicamente devem ser trocadas nas próximas semanas.
Embora aliados de Ciro Nogueira, Gilberto Kassab (PSD) e Helena Lima (MDB) tenham sido os primeiros atingidos, a avaliação no Planalto é de que a articulação contra a MP foi ampla. Governistas afirmam que Nogueira e Kassab atuaram em sintonia com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para enfraquecer a proposta econômica do governo.



