Senado

Calheiros quer ouvir Coaf sobre acordo de leniência com o Banco Central

Alagoano questiona falta de transparência na negociação e pede esclarecimentos
Por Redação 29/10/2025 - 06:13
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Andressa Anholete/Agência Senado
Convite ao presidente do Coaf foi proposto pelo senador Renan Calheiros, presidente da CAE
Convite ao presidente do Coaf foi proposto pelo senador Renan Calheiros, presidente da CAE

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, nesta terça-feira (28), convite para que o presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ricardo Saadi, preste esclarecimentos sobre o acordo de leniência firmado entre o Banco Central (BC) e o ex-presidente da instituição, Roberto Campos Neto. O requerimento foi apresentado pelo presidente da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Segundo Renan, o atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, firmou de forma sigilosa um acordo de leniência com Campos Neto, que, durante sua gestão no banco Santander, teria movimentado por mais de dois anos contas sem registro contábil adequado. O acordo, conforme o senador, resultou no pagamento de R$ 300 mil por Campos Neto, em caráter pessoal, para encerrar um processo administrativo envolvendo operações de câmbio.

Na semana anterior, a CAE já havia aprovado convite para que Galípolo compareça ao Senado e detalhe os termos do acordo, sua base jurídica e os possíveis impactos institucionais da medida — considerada inédita na história do Banco Central. “Não se sabe por que o atual presidente do BC fez isso e deu publicidade”, afirmou Renan.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), declarou também não compreender o movimento de Galípolo e manifestou apoio à convocação. Já o senador Eduardo Braga (MDB-AM) sugeriu que o presidente do Santander seja igualmente ouvido, a fim de esclarecer como o banco permitiu as movimentações questionadas, apesar dos mecanismos de compliance da instituição.

O requerimento aprovado inclui ainda pedido para que Saadi esclareça o funcionamento das chamadas “contas-ônibus”, utilizadas por fintechs para realizar operações financeiras por meio de bancos tradicionais. Segundo Braga, essas contas funcionam como intermediárias para transferências via Pix e podem abrir brechas para irregularidades.

“Isso nada mais é do que o uso do devedor contumaz em uma tecnologia mais sofisticada. Se não combatermos esse tipo de prática, veremos uma crescente distorção no sistema financeiro nacional”, alertou o senador amazonense. O presidente da CAE deve agendar as audiências com Galípolo e Saadi para as próximas semanas.


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