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Aliados transformam prisão de Bolsonaro em ato político: "Preso por orar"
Familiares, parlamentares e apoiadores reagem com ataques a Alexandre de Moraes
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que revogou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro e determinou sua prisão preventiva na manhã deste sábado, 22, provocou uma forte mobilização entre familiares, aliados políticos e apoiadores do ex-presidente. As reações vieram rapidamente pelas redes sociais e transmissões ao vivo, nas quais bolsonaristas passaram a denunciar o que chamam de “perseguição” e “abuso de poder”.
A prisão foi decretada após a Polícia Federal apontar risco concreto de fuga, motivado pela convocação de uma vigília feita pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente à residência do pai, além do registro de tentativa de violação da tornozeleira eletrônica. O episódio levou Moraes a entender que havia ameaça ao cumprimento das medidas impostas.
Flávio Bolsonaro: “Se meu pai morrer, a culpa é sua”
Horas depois da prisão, Flávio Bolsonaro afirmou, em transmissão ao vivo, que a decisão do ministro “criminaliza o exercício da fé”. Ele insistiu na realização da vigília e acusou Moraes de abuso:
“Se meu pai morrer, a culpa é sua”, declarou o senador, alegando que a sentença impediria até orações públicas pelo ex-presidente.
Eduardo Bolsonaro e PL falam em “perseguição”
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pediu que seus apoiadores “não desanimem” e afirmou que a mobilização agora deve ser ainda maior pela “pauta da anistia”. Já o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), declarou que Bolsonaro “sempre será inocente” e voltou a acusar o Judiciário de perseguição. Ele citou “coincidências” envolvendo o número 22, em referência ao partido e ao dia da prisão.
Michelle Bolsonaro publica mensagem religiosa
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro divulgou uma postagem afirmando confiar “na Justiça de Deus” e declarou que não desistirá “da nossa nação”. Sem citar diretamente a decisão do STF, ela mencionou novamente o atentado a faca de 2018, disse que o marido ainda enfrenta sequelas e informou que estava viajando para Brasília.
Malafaia, Zema e Castro também criticam prisão
Entre aliados externos à família, o pastor Silas Malafaia chamou a prisão preventiva de “cortina de fumaça” e acusou Moraes de agir de forma “maquiavélica”. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), classificou a decisão como “arbitrária” e “vergonhosa”. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou estar “junto do ex-presidente em mais esse desafio” e disse que o país “amanheceu triste”.
Parlamentares bolsonaristas: “Preso por orar”
A deputada Bia Kicis (PL-DF), que foi à Superintendência da Polícia Federal, chamou de “mentira” a tese de risco de fuga e afirmou que Bolsonaro é inocente. O senador Marcos do Val (Podemos-ES) classificou a decisão como “aberração”, dizendo que o ex-presidente foi “preso por causa de uma oração”. Já o deputado Hélio Lopes (PL-RJ), que esteve na casa de Bolsonaro durante a madrugada, afirmou que o Brasil vive uma “guerra espiritual entre o bem e o mal”.
Oposição bolsonarista no Congresso vê “Direito Penal do Inimigo”
Em nota, o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, disse que a decisão do STF “ameaça pilares essenciais do Estado de Direito” e acusou o tribunal de adotar “um Direito Penal do Inimigo”.
Contexto da prisão preventiva
A Polícia Federal sustentou que a vigília convocada por Flávio Bolsonaro poderia gerar aglomerações que dificultariam a fiscalização policial e criariam ambiente propício a tentativa de evasão.
Além disso, segundo despacho de Moraes, o sistema de monitoramento apontou ocorrência de violação da tornozeleira eletrônica durante a madrugada — reforçando, na visão do ministro, o risco de fuga.
Jair Bolsonaro está condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar uma organização criminosa que tentou impedir a transição de poder após as eleições de 2022. Ele responde por cinco crimes, entre eles tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O ex-presidente permanece em custódia especial na sede da Polícia Federal em Brasília.



