Com a chegada do meio do ano, há uma crescente preocupação com o aumento de crises de ansiedade, depressão e burnout. Esses transtornos não afetam apenas os já diagnosticados, mas também pessoas que, até então, eram mentalmente saudáveis. Esse período é crítico, pois muitos tiram férias, viajam e se dão conta de que metade do ano se passou sem atingir suas metas, o que intensifica os problemas de saúde mental.

Vicente Beraldi Freitas, médico e consultor em saúde da Moema Assessoria em Medicina e Segurança do Trabalho, destaca que, ao refletir sobre suas realizações e estabelecer novas metas, as pessoas podem experimentar sentimentos conflitantes. Alguns encontram felicidade e satisfação, enquanto outros se sentem insatisfeitos pessoal e profissionalmente, desencadeando problemas de saúde mental.

Diversos fatores contribuem para a depressão, ansiedade e burnout no meio do ano, como rupturas pessoais, dificuldades financeiras, perda de entes queridos e frustrações no trabalho. A constante exposição às conquistas e felicidade nas redes sociais cria a ilusão de um mundo perfeito e inatingível, agravando os problemas emocionais.

É essencial estar atento a esses sinais e agir rapidamente para evitar o aprofundamento dos casos. Buscar tratamento adequado é crucial, e as empresas devem estar preparadas para oferecer suporte. O Dr. Vicente Beraldi Freitas observa um aumento alarmante de casos de ansiedade entre os jovens, afetando suas vidas, relacionamentos e desempenho profissional. Alguns chegam a pedir demissão como resultado. "Embora haja medidas para mitigar essa situação, os desafios estão se tornando cada vez mais complexos", afirma o especialista.

Esses transtornos mentais são caracterizados por uma preocupação excessiva e constante com eventos negativos que podem ocorrer. As crises de ansiedade frequentemente desconectam as pessoas do presente, resultando em sintomas físicos como falta de ar, sudorese e arritmia cardíaca. A ansiedade pode ser desencadeada por fatores internos e externos, e a pandemia serviu como um gatilho para muitos, exacerbando também os casos de depressão.

Algumas pessoas são mais propensas a esses problemas e têm dificuldade em lidar com eles. "Normalmente, pessoas mais flexíveis tendem a se adaptar melhor e sofrem menos de ansiedade", analisa Dr. Vicente Beraldi Freitas. Mesmo antes de eventos recentes, como a pandemia e as brigas políticas, já se observava um aumento nas taxas de ansiedade, especialmente entre os jovens, atribuído em parte ao estilo de vida moderno e ao uso constante de smartphones e computadores, levando a uma desconexão das experiências do mundo real.

"Os jovens estão cada vez mais imersos no mundo virtual, e a sociedade perpetua a ideia de que o sucesso pessoal e profissional é facilmente alcançável. Essa discrepância entre a realidade e as expectativas pode levar à ansiedade", adverte o Dr. Vicente Beraldi Freitas. Para combater esses problemas, é fundamental reconhecer os sintomas, tanto em si mesmos quanto nos outros, e tratar o assunto com seriedade. O tratamento imediato é essencial, pois o tempo desempenha um papel crucial na resolução desses problemas.

No contexto empresarial, a prevenção pode envolver a promoção do bem-estar por meio de iniciativas de medicina do trabalho. As empresas podem criar grupos de apoio e treinamento para ajudar os funcionários a lidar com situações e pessoas difíceis. Além disso, a capacitação das equipes de recursos humanos para lidar com essas questões é crucial. A empresa Confirp Contabilidade, por exemplo, adota uma série de ações. Rose Damélio, gerente de Recursos Humanos, destaca que a equipe de RH busca se aproximar dos colaboradores, fornecendo suporte desde a contratação. "Se identificarmos algo que possa indicar um problema, iniciamos ações mais aprofundadas", detalha.