ESTRESSE
Burnout passa a ser doença do trabalho; especialista dá mais detalhes
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a Síndrome de Burnout como uma doença ocupacional, isto é, relacionada ao estresse da rotina de trabalho. A mudança na classificação do Burnout foi oficializada no dia 1º de janeiro de 2022, com a nova classificação da CID11. A professora Alynne Acioli, psicóloga da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), explicou que, nas palavras do texto, a síndrome foi oficializada como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”.
“A principal mudança da CID11 é fazer a relação da síndrome de Burnout com o trabalho. Antes, o trabalhador era responsável por identificar e tratar; agora, a empresa precisa adotar novas formas de gestão que envolvam um olhar para as questões de saúde mental e emocional dos colaboradores”, pontuou Alynne Acioli. A psicóloga observou ainda que, enquanto não se muda essas questões de gestão, ações superficiais – como sala de jogos, meditação, práticas integrativas complementares, dentre outras - não vão atuar como prevenção ao Burnout, uma vez que a síndrome é desencadeada pelo estresse crônico devido ao acúmulo de funções.
De acordo com a psicóloga, os trabalhadores chegam à exaustão por dois motivos: mudanças no modelo de gestão da empresa ou demandas além do que se pode dar conta. “Existe uma tendência para o acúmulo de funções para um único cargo, além da sobrecarga pela carência de pessoal. Por isso, as pessoas estão desenvolvendo muito mais tarefas no mesmo período de tempo e ficando estressadas devido rotina de trabalho desgastante”.
Sintomas – Para identificar se o estresse está relacionado ao trabalho, é preciso observar se os sintomas clássicos do estresse se conectam com as três características centrais da Síndrome de Burnout: o aumento do distanciamento mental do trabalho; o aumento do sentimento de negativismo em relação ao trabalho; e a redução da eficácia profissional. Já os sintomas do estresse são dor de cabeça crônica, dores musculares, problemas gastrointestinais, nervosismo, agressividade, irritabilidade, alteração de humor, dificuldade de concentração, insônia, hipersonia e falta/excesso de apetite.
A psicóloga Alynne Acioli traçou o perfil de trabalhador que tende a desenvolver a Síndrome de Burnout com mais facilidade: aquele que tem boa entrega, bom desempenho, alta performance, sempre cumpre com seu papel e dá conta das funções além do que é esperado dele. “Por conta dessa exaustão, esse quadro do trabalhador se reverte”, explicou ela, complementando que a síndrome está relacionada a altos níveis de cobrança e produtividade, chegando ao momento em que mente e corpo não conseguem acompanhar a demanda e entram no processo de exaustão e esgotamento profissional.
O caminho para o tratamento da Síndrome de Burnout é a psicoterapia associada ao uso de medicamentos, quando necessário. Já a prevenção está na observação, por parte da empresa, da estrutura física, do salário justo, de condições mínimas de trabalho. Tudo isso sendo pensado por políticas de gestão e pelo exercício de liderança.
Janeiro Branco – A Síndrome de Burnout é um dos temas da Campanha Janeiro Branco promovida pelo Núcleo de Eventos e Qualidade de Vida no Trabalho (Neqvt) da Uncisal. Com o tema “O mundo pede saúde mental”, o Neqvt divulga uma série de vídeos educativos sobre saúde mental e as produções da campanha podem ser visualizadas no Instagram @neqvtuncisal e tratam de temas diversos que contribuem para gerar conscientização, combater tabus, mudar paradigmas, orientar os indivíduos e inspirar autoridades a respeito de importantes questões relacionadas às vidas de todo mundo.
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