Agências espaciais estão planejando coletar material vindo de outros sistemas solares

No final de 2017, um objeto misterioso atravessou nosso Sistema Solar a uma velocidade vertiginosa e nos ofereceu uma rara oportunidade de considerar estudar material de sistemas estelares distantes, revelando segredos sobre a formação e evolução de planetas além do nosso alcance.
Astrônomos utilizaram os telescópios mais poderosos do mundo para observar Oumuamua, um objeto interestelar de 400 metros de comprimento e muito alongado, sendo o primeiro objeto conhecido de outra estrela a visitar nosso Sistema Solar. Objetos como Oumuamua são estilhaços planetários expulsos de seus sistemas estelares por eventos catastróficos e podem vagar pelo espaço por centenas de milhões de anos antes de encontrar outro sistema estelar.
Dois anos após sua descoberta, o Cometa Borisov, outro objeto interestelar, foi avistado por um astrônomo amador. Esses objetos oferecem vislumbres fascinantes de material de fora do nosso Sistema Solar, e estudá-los de perto poderia proporcionar informações valiosas sobre sistemas estelares distantes.

Apesar da grande quantidade de objetos interestelares na Via Láctea, apenas dois foram observados até agora devido à dificuldade de prever sua chegada e à velocidade com que viajam. Telescópios terrestres e espaciais têm dificuldade em responder rapidamente a esses objetos, resultando em observações principalmente após sua passagem.
Em um artigo publicado no The Conversation, missões espaciais inovadoras, utilizando inteligência artificial (IA), poderiam guiar naves espaciais para interceptar futuros visitantes interestelares, permitindo uma compreensão mais profunda de sua composição e atividade. Tecnologias emergentes para aproximar detritos espaciais podem transformar esses encontros em oportunidades científicas significativas.

Segundo pesquisadores, para interceptar esses objetos, que passam pela Terra a altas velocidades, seriam necessárias manobras complexas e caras, como estilingues gravitacionais. A NASA e a Agência Espacial Europeia (AEE) já estão desenvolvendo missões, como a Bridge (ponte) e o Comet Interceptor (interceptador de cometas), para interceptar esses objetos.
O Comet Interceptor, programado para ser lançado em 2029, ficará em uma "órbita de armazenamento" aguardando a detecção de um objeto adequado para interceptação. O Projeto Lyra também avaliou a viabilidade de perseguir Oumuamua, embora seja tecnicamente desafiador.

Futuras missões podem contar com IA avançada para identificar e responder a objetos em tempo real. O Observatório Vera C. Rubin, no Chile, deve iniciar um levantamento do céu noturno que pode encontrar dezenas de objetos interestelares a cada ano.
Para interceptar esses objetos, naves espaciais precisarão de alta velocidade e resistência a condições extremas. Tecnologias como velas solares e materiais avançados, como fibras de carbono, estão sendo exploradas para tornar essas missões viáveis. No entanto, cortes na ciência espacial podem ameaçar esse progresso.
Por Sputinik Brasil