Cientistas confirmam pela 1ª vez teoria 'maluca' sobre equilíbrio térmico de Plutão (IMAGENS)

Novas observações do Telescópio James Webb (JWST) revelam que a atmosfera de Plutão é única no Sistema Solar, sendo controlada por partículas de neblina que regulam seu equilíbrio térmico — um fenômeno nunca antes visto em outros mundos.
A missão New Horizons da NASA, ao sobrevoar Plutão e Caronte em 2015, revelou dois corpos celestes surpreendentemente complexos, com destaque para a atmosfera ativa de Plutão. Essas descobertas mudaram a forma como os cientistas compreendem o sistema Plutão-Caronte. Anos depois, observações realizadas pelo JWST, entre 2022 e 2023, revelaram que a atmosfera de Plutão é única no Sistema Solar, apresentando comportamentos nunca antes observados.
A atmosfera de Plutão é composta por uma névoa de nitrogênio, metano e monóxido de carbono, com partículas que sobem e descem conforme são aquecidas ou resfriadas. Essas partículas desempenham um papel fundamental no equilíbrio energético do planeta, algo inédito entre os corpos do Sistema Solar, onde normalmente esse equilíbrio é controlado por moléculas gasosas. Essa descoberta confirma uma hipótese ousada proposta pelo astrônomo Xi Zhang, da Universidade da Califórnia, em 2017.
Zhang e seus colegas previram que, se a neblina estivesse resfriando Plutão, ela emitiria radiação no infravermelho médio, o que poderia ser detectado por um telescópio sensível como o JWST. A equipe liderada por Tanguy Bertrand, do Observatório de Paris, realizou observações com o JWST e confirmou essa previsão, algo raro em ciência planetária. A confirmação rápida da hipótese deixou os cientistas entusiasmados com as possibilidades de novas descobertas.
Enquanto Plutão possui uma atmosfera rica e ativa, Caronte, sua lua, não apresenta uma atmosfera significativa, embora possa passar por desgaseificação sazonal. A neblina de Plutão, observada pela New Horizons, é resultado de processos fotoquímicos semelhantes aos que ocorrem em Titã, a lua de Saturno. No entanto, entender completamente esse fenômeno exige observações contínuas e detalhadas, como as que o JWST está proporcionando.
Com os dados obtidos pelo instrumento MIRI do JWST, os cientistas conseguiram impor restrições aos modelos térmicos dos dois corpos, analisando propriedades como inércia térmica, emissividade e temperatura de diferentes regiões. Essas características explicam como o gelo se redistribui em Plutão e até migra para Caronte, um fenômeno sem paralelo conhecido no Sistema Solar. Os ciclos sazonais de gelo em Plutão mostram uma dinâmica complexa de migração e redistribuição de material.

As descobertas oferecem pistas sobre a atmosfera primitiva da Terra, que era rica em nitrogênio e hidrocarbonetos. Segundo Zhang, estudar Plutão pode ajudar a entender melhor como atmosferas se comportam em ambientes extremos, o que também pode levar a uma reavaliação das atmosferas de outros corpos como Titã e Tritão.
Por Sputinik Brasil