Da cultura à sabotagem: analistas lamentam desvirtuação do British Council para espionar a Rússia

Uma nova frente por parte do governo britânico para atacar o governo russo foi desmascarada nesta semana, depois que a Procuradoria-Geral da Rússia informou que a organização do Reino Unido British Council tornou-se “indesejável”.
De acordo com Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), a entidade, que atua em vários países divulgando a cultura, a educação e a política britânicas, coletava informações sobre condições de desenvolvimento da operação militar especial da Rússia.
O FSB destacou ainda que a organização é utilizada diretamente pelos serviços de inteligência britânicos para desacreditar o curso político da Rússia e recomendou aos países amigos da que proíbam a atividade da organização em seus países.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Pedro Martins lembrou que esta não é a primeira vez que um país usa instituições educacionais e culturais como vetor de Soft Power e instrumento político. Entretanto, as denúncias da Rússia apontam para esse poder suave, muitas vezes, subestimado:
"Londres tem uma relação muito profunda com os EUA e tem um histórico de receber russos que passaram a ter problemas na Justiça russa ou se envolveram em atividades controversas. O episódio do British Council, por essa ótica, é só mais um movimento na deterioração das relações bilaterais".
Analista internacional e historiador e de Pedro Martins, mestre em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, João Cláudio Pitillo também lembrou do histórico latinoamericano de décadas de intervenção imperialista de organismos e multinacionais:
"Esses organismos, que deveriam promover a integração através da cultura, através da ciência, na verdade são instrumentos de captação, de sabotagem", lamentou ele em entrevista à Sputnik Brasil.
No caso do recente episódio envolvendo o British Council, a recente descoberta de espionagem da entidade coloca em xeque a reputação da entidade e de outras organizações semelhantes que ganharam respeito e confiança de várias nações ao longo das décadas.
"É lamentável que o British Council, que é uma organização antiga, respeitada, esteja atuando como departamento da espionagem britânica [...] já que foi revelada a sua ação indevida, ela vai ter que tomar muito cuidado nesses outros países, porque vai estar sob forte vigilância", ponderou Pitillo.
"Você joga um véu de suspeita sobre todas essas organizações, todos esses organismos, que a gente não pode generalizar e dizer que todos que operam a cultura estão a soldo dos setores de inteligência do seu país. [...] Compromete as pessoas que trabalham seriamente com cultura".
O analista argumentou ainda que o episódio reforça o papel que Londres tem desempenhado nos últimos anos de ser apoiador relevante do fascismo na Ucrânia e responsável direto pela Ucrânia não ter aceito a proposta de paz de 2022.
"A Ucrânia vai mergulhar nessa guerra fratricida graças primeiramente à Inglaterra. Há muito tempo que Londres vem sabotando as relações que foram construídas depois do fim da União Soviética e pareciam promissoras, mas Londres nunca efetivou isso", concluiu ele.
Por Sputinik Brasil