Mídia: AGU quer investigação sobre possível lucro de investidores com informação privilegiada sobre tarifaço

Por Sputnik Brasil 19/07/2025 - 22:37
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Mídia: AGU quer investigação sobre possível lucro de investidores com informação privilegiada sobre tarifaço

A Advocacia-Geral da União (AGU) pretende acionar tanto a Polícia Federal quanto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apurar se houve obtenção de ganhos por parte de investidores com o uso de informações confidenciais relacionadas ao anúncio do aumento de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

A iniciativa surgiu após uma reportagem exibida pelo Jornal Nacional, da TV Globo, que levantou a hipótese de movimentações atípicas no mercado cambial no dia da divulgação do tarifaço — indícios que poderiam configurar crime de uso indevido de informação privilegiada em operações financeiras.

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou em 9 de julho que produtos brasileiros seriam submetidos a uma sobretaxa de 50%, com vigência a partir de 1º de agosto.

De acordo com a reportagem, um gestor de um fundo de investimentos com sede em Nova York relatou a movimentação de valores entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões na compra de dólares poucas horas antes do pronunciamento de Trump — um comportamento visto como abrupto.

Posteriormente, logo após a confirmação do tarifaço, o movimento foi revertido, com a venda em massa da moeda americana, que já havia se valorizado. O gestor ouvido pela TV Globo sugeriu que esse tipo de movimentação pode indicar que alguém teria lucrado com a oscilação de preços ao ter acesso prévio à decisão sobre a sobretaxa. Desde o anúncio, a moeda norte-americana acumulou alta de 2,6%.

Durante a divulgação da medida, Trump associou a decisão, entre outros fatores, ao tratamento dispensado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no STF em processo relacionado a tentativa de golpe.

"Eu acho que isso é uma caça às bruxas, e acho que é muito lamentável, e ninguém está feliz com o que o Brasil está fazendo, porque Bolsonaro foi um presidente respeitado", disse Trump a jornalistas.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em pronunciamento feito na quinta-feira (17) em cadeia nacional de rádio e TV, classificou a tarifa extra como uma "chantagem inaceitável".

Ele também condenou políticos que apoiaram a sobretaxa, qualificando-os como "traidores da pátria", e declarou que todas as companhias — sejam elas nacionais ou estrangeiras — devem obedecer às leis brasileiras.

Cerca de uma semana após o tarifaço de Trump e após diversas manifestações da família Bolsonaro e do próprio presidente dos EUA utilizando a medida para pressionar contra o processo judicial da tentativa de golpe, Jair Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal nessa sexta-feira (18). Como resultado, ele será obrigado a usar tornozeleira eletrônica.

As ações foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito de um processo que corre em sigilo e que foi protocolado no gabinete do magistrado em 11 de julho — dois dias após o anúncio da tarifa de 50%.

Na decisão, Moraes afirma que as declarações de Bolsonaro e a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA configuram ameaças à soberania nacional.

Apesar do contexto tenso, o vice-presidente e titular da pasta de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, declarou que a situação não deve afetar as negociações comerciais entre os dois países.

Ele reforçou que a ação da Justiça contra Bolsonaro está sob responsabilidade do Poder Judiciário e destacou que a soberania brasileira não está em negociação.


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