Jornalista, escritor, colunista do Jornal Extra, Tribuna do Sertão e presidente do Instituto Cidadão.

Conteúdo Opinativo

A diferença

06/04/2025 - 06:00
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Em 1967, o então governador de Pernambuco, Nilo Coelho, prometeu “governar de costas para o mar” e assim o fez. Por sua influência foi criada a Suvale (Superintendência do Vale do São Francisco). Seu sobrinho, o ex-senador Fernando Bezerra (MDB-PE) e ex-ministro da Integração Nacional (Governo Dilma Rousseff), foi o responsável pelo aporte de R$ 464 milhões para a cidade de Petrolina nos últimos dez anos. Foi a influência da família que garantiu que, em 1979, o projeto mais bem-sucedido da companhia se instalasse em Petrolina — hoje, seu nome é Distrito de Irrigação Nilo Coelho. Em 2024, seus lotes produziram R$ 4,5 bilhões e o nome do órgão anos atrás passou a ser Codevasf. Por aqui os políticos e as “famílias” apenas distribuem tratores, arados, implementos agrícolas e muita suspeição por parte dos órgãos de controle. Uma pena, que seja assim.

Se houver anistia vai haver outro ‘golpe’

Durante a semana, nos corredores e gabinetes da Câmara e do Senado, esteve em pauta a votação de anistia para os golpistas condenados pelo STF pelos atos de invasão e vandalismo nas sedes do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). Caso a proposta seja aprovada, está configurada a insegurança jurídica e a supremacia da Câmara e do Senado sobre a Justiça. Além de tudo, abre caminho para novos golpes, abusos, destruição do patrimônio público, baderna e perdão. São os equívocos da política brasileira.

Sem picanha

Pesquisa Genial/Quaest divulgada esta semana aponta que a desaprovação ao desempenho do presidente Lula no Nordeste subiu e chegou, pela primeira vez, a um cenário de empate técnico com os índices de aprovação. Desaprovação subiu 9 pontos percentuais em relação a janeiro e atingiu 46%. Já o percentual dos que aprovam o jeito de Lula de governar na região caiu 7 pontos percentuais, para 52%. Como a margem de erro neste recorte do levantamento é de quatro pontos percentuais, os índices de aprovação e desaprovação estão empatados tecnicamente. A picanha prometida não chegou.

Álcool, tolerância zero

Em algumas cidades brasileiras, quem for flagrado com uma latinha ou garrafa na mão será advertido. Se insistir no gole, a bebida pode ser apreendida com o apoio da Polícia Militar. Para os reincidentes, a conversa fica mais séria e eles serão encaminhados ao Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para palestras sobre os riscos do álcool. A fiscalização ficará por conta da prefeitura, com apoio da PM, se necessário. As praças dessas cidades, todas em Minas Gerais, acabam de ganhar um novo status: “zona livre de álcool”. Com a publicação da nova lei, está proibido o consumo, o porte e o comércio de bebidas alcoólicas nesses espaços públicos.

Réu confesso

O ex-presidente Jair Bolsonaro revelou sua estratégia de defesa diante do julgamento no Supremo Tribunal Federal da acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Ele deu uma entrevista à imprensa em que admitiu ter conversado com auxiliares sobre estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal em 2022. “Tudo foi colocado na mesa”, ele disse, mas descartado “logo de cara”. É a reiteração da tática enganosa de afirmar que discutir sobre “alternativas” não é tentar um golpe. Questionado se uma eventual prisão significaria o fim de sua carreira política, foi além: “É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”. Resta saber quando será o enterro.

Alto lá!

Em toda longa história do hediondo crime da Braskem, se existe um setor que sempre atuou, veementemente, em defesa dos direitos dos atingidos pela tragédia foi a Defensoria Pública de Alagoas. Me chamou a atenção uma fala do diligente defensor Ricardo Melro, em relação a determinado órgão federal – “Ah, isso é política, tem interesse’. Parem de medir os outros que estão trabalhando, cumprindo sua função com sua régua moral imunda. O povo tá sofrendo, tem gente se matando com isso. As casas estão rachando de ponta a ponta”. Sabe o que diz e tem coragem de dizer.

Contas suspeitas

Ao menos 32% dos conselheiros de todos os tribunais de Contas do Brasil têm políticos como parentes, mostra levantamento inédito. São pais, filhos, irmãos, sobrinhos, maridos e esposas com cargos vitalícios e salários altos, ocupando vagas que dão poder, dinheiro e prestígio. Desses, 19 governadores ou ex-ocupantes do cargo têm parentes em tribunais de Contas. Pelo menos seis ministros de Lula têm esposas e irmãos nessas cortes. Se a administração pública brasileira fosse levada a sério, a presença de parentes de políticos nesses cargos poderia configurar conflito de interesses para quem fiscaliza. Em Alagoas a grande beneficiária foi a esposa do ministro Renan Filho, conselheira do Tribunal de Contas. (Com informações de UOL)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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