Justiça atrasada
Rui Barbosa já alertava em 1921: “Justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta”.
Quase um século depois, a Justiça em Alagoas ainda caminha lenta, quase parando.
Dependendo do poder de fogo do criminoso, o processo é condenado a dormir nas gavetas do sistema judiciário até prescrever o crime, depois de 20 anos.
É o que por pouco não ocorreu com o processo em que o deputado João Beltrão é acusado de mandar assassinar o bancário Dimas Holanda.
Depois de uma chicana jurídica com recursos protelatórios, o crime prescreveria em abril último e o processo só não foi parar no arquivo graças ao trabalho do MP; na undécima hora o TJ aceitou a denúncia contra o deputado.
Já o processo que apura o assassinato do policial Rodoviário Federal Marcos Antônio Leite Magalhães, ocorrido em outubro de 1997 durante uma vaquejada no bairro da Serraria, está a caminho da impunidade.
O matador de nome Natalício Júnior Mendes dos Santos, conhecido pelo vulgo de Junior Tenório, ganhou a benevolência do juiz e escapou por “falta de provas”.
Acusado de ser mandante, o deputado Chico Tenório ainda responde ao processo, mas em outubro próximo deve ganhar a impunidade pela prescrição do crime.
E viva a República das Alagoas, que em setembro completa 200 anos de Independência.
Após dois séculos de atraso e impunidade, conclui-se que a única saída é devolver Alagoas ao estado de Pernambuco, com pedido de desculpa pelo mau uso do território.