O Velho Chico manda a conta
Nos últimos dias diversas vozes em Alagoas se levantaram em defesa do Rio São Francisco com apelos dramáticos pela salvação do chamado rio da integração nacional.
A mobilização começou com a viagem do governador e sua equipe pelo baixo São Francisco para ver in loco a situação do rio e ouvir a população ribeirinha.
Esta semana foi a vez da Associação dos Municípios de Alagoas (AMA) reunir prefeitos da região para debater a crise hídrica e estudar soluções para salvar o Velho Chico, seco e degradado.
Assim como em outros eventos do gênero, nada de concreto foi apresentado. Só palestras técnicas, muitas discussões, ampla divulgação e manchetes de jornais.
No centro do debate está o projeto de revitalização do São Francisco, criado em 2004, mas que até agora mal saiu do papel. Afora algumas ações dispersas que já consumiram mais de R$ 2 bilhões, tudo continua na estaca zero.
E não é por falta de soluções que o rio está morrendo. Vários especialistas da área há anos vêm apresentando estudos sérios sobre a questão e alertando para um possível desastre ambiental de grandes proporções.
Na verdade, o Programa de Revitalização da Bacia do São Francisco foi criado menos para salvar o rio e mais para calar os críticos da transposição das águas do Velho Chico para os estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, com sérios danos ambientais para o rio.
Ao iniciar as obras do grande canal, Lula prometeu que “a cada centavo para a transposição, seria investido um centavo para a revitalização do rio”. Mentiu. Quinze anos depois, a transposição já engoliu cerca de R$ 10 bilhões, as obras estão abandonadas e o São Francisco está morrendo.
Após décadas de sua exploração inconsequente, o Velho Chico manda a conta. Técnicos do próprio governo estimam que a revitalização do rio pode custar R$ 30 bilhões. Com o país à beira da falência, salvar o rio fica cada vez difícil. Só mesmo apelando para o santo que lhe dá o nome.
Se serve de consolo, devemos acreditar que, assim como o Brasil, o Velho Chico há de sobreviver às terríveis secas e à peste petista, que destruiu o país e dizimou a esperança dos brasileiros.