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Fim do filhotismo

09/12/2024 - 14:15

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O recente concurso público para o cargo de tabelião em mais de 200 cartórios do estado –
realizado pelo Tribunal de Justiça – põe fim à era do filhotismo, marca registrada dos concursos de “cartas marcadas” que reinaram ao longo da história de Alagoas, inclusive no próprio Judiciário. Era a época em que os títulos honoríficos valiam mais que a competência dos candidatos a cargo público.

Vale lembrar que Alagoas foi o último estado a fazer concurso público para cartórios, como determina a Constituição de 1988. Só agora, 36 anos depois e após um grande imbróglio protagonizado por desembargadores do próprio tribunal, o certame foi realizado dentro das normas constitucionais.

Mas seu início foi bastante conturbado por interesses pessoais dos próprios membros do TJ que defendiam a permanência de parentes e aderentes nas serventias extrajudiciais na condição de “tabelião substituto”. O apetite dos magistrados era tanto que o TJ chegou a declarar a suspeição de todos eles, forçando o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a intervir no processo e nomear um desembargador de São Paulo para coordenar o concurso. Uma vergonha para o estado.

A divulgação da lista de aprovados causou surpresa pelo fato de não haver nenhum sobrenome de famílias tradicionais integrantes das elites que dominam os poderes do estado. Ponto para o CNJ, que acabou com a descarada manipulação dos concursos públicos e o fim da política do apadrinhamento em Alagoas.


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