Conteúdo do impresso Edição 1263

PESSIMISMO

BB projeta queda na economia alagoana

Mesmo com impulso do PAC, banco público prevê 1,4% de crescimento contra 5,3%% em 2023
Por ODILON RIOS 27/04/2024 - 05:00

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Mesmo com impulso do PAC, banco público prevê 1,4% de crescimento contra 5,3%% em 2023
Mesmo com impulso do PAC, banco público prevê 1,4% de crescimento contra 5,3%% em 2023

A resenha regional do Banco do Brasil de abril projeta que a economia alagoana terá crescimento de 1,4% e PIB de 0,3%, duas quedas bastantes significativas levando em conta as projeções do mesmo banco para 2023 (5,3% e 5,5%). É um cenário bastante semelhante no Brasil, mas heterogêneo porque leva em conta as características de cada estado. No geral, porém, diz o Banco do Brasil que “a dinâmica territorial do crescimento da economia brasileira em 2023 não deve se repetir em 2024”.

A projeção do PIB para 2023 é a segunda maior do Nordeste (perde para o Maranhão, 6,6%). Segundo o BB, um dos motivadores deste crescimento da região é o setor de serviços. Existe também um impulso adicional de crescimento com os avanços das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E Nordeste e Sudeste têm quase dois terços dos projetos selecionados e dos municípios atendidos.

Para Alagoas, a projeção do PIB Agropecuário é de 16,5%; a indústria, -1%; PIB Serviços, 3,2%, totalizando 5,5%. Para 2024, essa expectativa despenca: -5,9% no PIB Agropecuário; 1% na indústria e 2,2% serviços, totalizando 0,3%.

O Governo Paulo Dantas diz que o PIB de Alagoas de 2023 vai crescer 7,2%, diferente das explicações do Banco do Brasil. Em 27 de novembro do ano passado, na cidade de Pilar e diante do ministro Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, Dantas afirmou que haverá PIB maior e crescimento na economia porque o Estado diminuiu os impostos, teve recorde na arrecadação do ICMS e aumentou os empregos.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), José Carlos Lyra, observa que a resenha do BB antevê um comportamento moderado da economia em todos os setores e agentes econômicos. Segundo Lyra, “na prática, considerando o estudo apresentado e as estimativas para outros estados, conclui-se pela acomodação da atividade econômica em Alagoas”.

E também cita a redução da atividade econômica em alguns segmentos do agronegócio, da indústria e comércio locais; a influência do ano eleitoral sobre as iniciativas e o andamento das atividades em curso e de novos projetos; e o ajuste do indicador ao nível histórico médio, em período de normalidade econômico-fiscal e equilíbrio orçamentário.

No caso de 2023, afirma Lyra, fica mais fácil entender o avanço no PIB “haja vista o período antecedente de retomada da economia, pós pandemia covid, iniciado em 2021, consolidado ou incrementado até 2022 em todos os setores produtivos. Em consequência temos a elevação da função consumo das empresas e das famílias, atrelada ao aumento da atividade econômica, com novo patamar de formação de renda e emprego”.

A economista Luciana Caetano, também professora da Faculdade de Economia da Ufal, diz que Alagoas tem apresentado taxas de desemprego muito mais elevadas que a média nacional e ainda apresenta, em algum ano, taxa de crescimento do PIB maior que a média nacional. Mesmo assim “seu PIB per capita é tão baixo, que essa variação esporádica de crescimento do PIB em nada se reflete na qualidade de vida da população. Nosso PIB per capita fica pouco acima de 50% do PIB per capita nacional, o que se reflete na renda média do trabalho”, explica.

“Em resumo, o estado se desenvolve a passos muito lentos, mantendo sua participação de 0,8% no PIB nacional há mais de 3 décadas. E os indicadores que avançaram estão vinculados a recursos oriundos do governo federal, a exemplo da redução da extrema pobreza atrelado à transferência direta de renda e ao programa habitacional”, avalia a pesquisadora.

A Secretaria da Fazenda disse ao EXTRA que “não comenta estudos realizados por outras instituições sem prévia avaliação, uma vez que estes refletem projeções baseadas em metodologias e políticas adotadas pelas próprias instituições”. Também informou que “a Sefaz prefere concentrar seus comentários apenas em estudos realizados internamente pela secretaria ou naqueles encomendados a consultorias especializadas contratadas pelo órgão”.

A Secretaria Municipal da Fazenda em Maceió não quis comentar os números.


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