Conteúdo do impresso Edição 1265

ELEIÇÕES

Em Alagoas Lula reforça apoio a calheirismo e Rafael Brito

Presidente busca aumentar popularidade e deputado quer melhorar desempenho
Por ODILON RIOS 11/05/2024 - 05:00

ACESSIBILIDADE

Marina Ramos/Câmara dos Deputados
Presidente busca aumentar popularidade e deputado quer melhorar desempenho
Presidente busca aumentar popularidade e deputado quer melhorar desempenho

Os movimentos eleitorais dos principais personagens na política local também combinam com a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de melhorar a popularidade, principalmente no Nordeste – região que lhe deu maior votação na disputa presidencial.

Lula chegou a Maceió esta semana, dois dias após a divulgação da pesquisa MDA/CNT de Opinião. Apesar dos números na economia estarem melhores que na gestão Jair Bolsonaro (PL), a maioria dos entrevistados (40%) disse que precisou reduzir o consumo de bens e produtos em comparação ao ano passado. 37,8% dizem que estão consumindo bens e produtos da mesma forma que 2023 e apenas 20,9% declararam que ampliaram o consumo de bens e produtos, em comparação ao ano passado.

Outro dado importante, encaixado a este: 73,2% dos entrevistados alegam que sentiram o aumento de alimentos e bebidas e 53,1% sentiram no orçamento reajustes de água e energia elétrica.

Vamos entender esta fatia do público: maioria (95,1%) não usou o Poupança Jovem, destinado aos vinculados ao CadÚnico do governo federal, ou seja, os mais pobres. Ou seja: são pessoas em melhor situação financeira, menos pressionadas pela pobreza ou extrema pobreza, porém sentindo os efeitos tanto da alta de preços quanto a dificuldade de consumo.

Apesar dos índices de reprovação à Lula serem expressivos, o retrato do momento desta pesquisa traz uma perspectiva animadora aos candidatos lulistas nestas eleições: 31,3% dos entrevistados dizem que vão votar em alguém apoiado pelo presidente; 28,4% disseram que esta questão era indiferente para o eleitor.

E finalmente chegando ao ponto que interessa aos cenários locais em todo o Brasil – e não é diferente em Alagoas: 50,6% dos ouvidos por esta pesquisa afirmam que vão votar em alguém que represente mudança em relação ao atual prefeito em sua cidade.

É neste contexto que Lula pisou em Alagoas esta semana. E o deputado federal Rafael Brito (MDB), oposição ao prefeito JHC (PL), é o nome do calheirismo para engatar o discurso mudancista. Mas institutos de pesquisas contratados por personagens locais dizem que o prefeito vai à reeleição com folga, podendo até vencer no primeiro turno. Além disso, nunca um candidato apoiado pelo senador Renan venceu uma votação na capital e o último nome do MDB que ganhou a Prefeitura da capital foi em 1985.

No horizonte, o calheirismo sente a perda de poder. Afinal, JHC, amparado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), é um inimigo competitivo para as eleições de 2026, no governo ou Senado.

Ao mesmo tempo, a vinda de Lula mostra o potencial da máquina federal em impactar o jogo provincial. O presidente assinou a ordem de serviço para o início do trecho V do Canal do Sertão, obra que se arrasta há 22 anos e projetada para mais 20 em sua conclusão definitiva. Estamos falando de milhares de empregos na construção, injeção de milhões/bilhões de reais em construtoras/empreiteiras e a fidelidade do eleitor do Sertão e do Agreste a prefeitos que usarão o nome de Lula no palanque, porque o bolsonarismo e a extrema direita não ultrapassam as barreiras de Maceió.

E como o bolsonarismo está no palanque do prefeito JHC – e o nome Lula transfere votos – Jota reforça sua agenda nas ruas, como nesta semana, ao lançar um plano para mitigar o efeito das enchentes, limpando canais de esgoto e pluviais, contendo barro e lama ameaçando encostas.

Mas há também o efeito da CPI da Braskem, que pressiona o prefeito a engrenar uma imagem positiva. A CPI quer a transferência dos moradores dos Flexais, a Prefeitura resiste porque já assinou o acordo de R$ 1,7 bilhão com a Braskem compensando os danos ambientais e urbanos na capital. Há também a perspectiva de se incluir o prefeito como um dos responsáveis por atrapalhar acordos que poderiam ser mais vantajosos para a cidade. É uma série de muitos episódios e um final imprevisível.


Encontrou algum erro? Entre em contato