Conteúdo do impresso Edição 1282

ELEIÇÕES

Renan Filho começa a pavimentar caminho para retorno ao governo

Marcelo Victor solidifica posição do ministro como o principal nome do MDB para 2026
Por BRUNO FERNANDES 07/09/2024 - 06:00

ACESSIBILIDADE

INSTAGRAM RENAN FILHO
Renan Filho deve disputar cargo de governador como forma de apoiar campanha de Renan pai à reeleição no Senado
Renan Filho deve disputar cargo de governador como forma de apoiar campanha de Renan pai à reeleição no Senado

A decisão de Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, de não disputar o governo estadual em 2026, fortalece a posição de Renan Filho como o principal nome do MDB na corrida eleitoral. Renan, atual ministro dos Transportes e senador licenciado, já começa a desenhar seu caminho de volta ao Palácio República dos Palmares, mirando manter o controle político do partido em Alagoas.

Marcelo Victor reafirmou seu apoio a Renan Filho em uma recente entrevista à Coluna Sururu, afastando-se de uma possível aliança com Arthur Lira, deputado federal e figura influente no estado. “Tenho compromisso com Renan Filho para o governo em 2026”, declarou Marcelo, solidificando a candidatura de Renan e colocando sobre ele a responsabilidade de conduzir o MDB a mais uma vitória.

Nos bastidores, a movimentação de Renan Filho para retornar ao governo estadual não é apenas estratégica para ele, mas também crucial para o futuro político de sua família. Como ministro dos Transportes, Renan tem utilizado seu cargo para angariar apoios e consolidar sua base eleitoral. Recentemente, ele anunciou a conclusão da licitação para a duplicação de 10 km da BR-101, na região de Wassu-Cocal, em Joaquim Gomes, uma obra esperada há anos pela população e vista como um trunfo para reforçar sua imagem de gestor eficiente.

Além disso, outras frentes de trabalho estão sendo abertas, como a licitação prevista para este mês de setembro que abrangerá trechos da BR-101 na comunidade Karapotó, em Junqueiro, e São Sebastião. Essas iniciativas são vistas como demonstrações de sua capacidade de trazer investimentos federais para Alagoas, uma estratégia que visa não apenas fortalecer sua futura candidatura, mas também destacar sua habilidade em viabilizar obras de infraestrutura que impactam diretamente a vida dos alagoanos.

Apesar da possibilidade de compor uma chapa presidencial ao lado de Lula em 2026, Renan Filho vem sendo fortemente incentivado por seus aliados a disputar novamente o governo do Estado. A estratégia vai além de manter o poder em Alagoas; ela também visa impulsionar a candidatura de seu pai, Renan Calheiros, que tentará a reeleição ao Senado no mesmo ano. Em uma eleição marcada por grandes desafios, manter o controle do governo estadual é visto como essencial para garantir a continuidade da influência da família Calheiros na política local e nacional.

Em 2026, duas vagas estarão em disputa para o Senado por Alagoas, o que tornará a eleição especialmente competitiva. Renan Calheiros, com sua longa trajetória política, enfrentará adversários de peso como o deputado Arthur Lira, conhecido por sua capacidade de articulação e por ser um dos principais nomes do Progressistas no estado. Outros candidatos fortes, como o prefeito de Maceió, JHC (PL) – que ainda não decidiu se concorrerá ao Senado ou ao governo estadual – e o deputado federal Paulão, do PT, também entrarão na disputa, prometendo uma batalha acirrada.

A relação entre os Calheiros e Arthur Lira é marcada por uma longa história de rivalidade e disputas políticas. Desde 2010, quando Benedito de Lira, pai de Arthur, rompeu com Renan Calheiros ao apoiar Teotônio Vilela, do PSDB, as famílias vêm se enfrentando em diversas eleições. Essa tensão permanece até hoje, com Renan controlando o MDB e Arthur Lira liderando o Progressistas e o União Brasil, dois partidos com forte influência no estado.

Caso Renan Filho decida seguir com seus planos originais de ser vice de Lula, ele terá que competir por essa vaga com outros nomes fortes dentro do próprio campo governista, como Helder Barbalho, governador do Pará, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Ambos são vistos como potenciais vice-presidentes e têm suas próprias bases de apoio dentro do PT e de partidos aliados. No entanto, a decisão final de Renan Filho dependerá não apenas de suas ambições pessoais, mas também da necessidade de proteger e fortalecer a posição de sua família na política alagoana.



Encontrou algum erro? Entre em contato