FALHAS NO ATENDIMENTO

Polícia indicia dois médicos por morte de gestante em hospital de Arapiraca

ínquérito apontou que os médicos plantonistas descumpriram protocolos técnicos exigidos na função
Por Bruno Fernandes 14/05/2025 - 09:01
A- A+
Divulgação
Hospital Chama, em Arapiraca
Hospital Chama, em Arapiraca

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte de Cíntia Soares Farias, de 25 anos, e encaminhou o caso à Justiça na terça-feira, 13. Dois médicos do Hospital Chama, em Arapiraca, AL, foram indiciados por homicídio culposo, sem intenção, por falhas no atendimento.

A gestante, que era de Batalha, procurou atendimento no hospital às 5h da manhã do dia 4 de fevereiro. O parto foi realizado por cesariana horas depois. Após o procedimento, Cíntia teve hemorragia e não resistiu.

O inquérito apontou que os médicos plantonistas descumpriram protocolos técnicos exigidos na função. A conduta foi considerada negligente, o que motivou o indiciamento por homicídio culposo.

Com o encerramento da investigação, o processo segue agora para análise do Poder Judiciário, que definirá os próximos passos do caso.

Hospital fecha maternidade

A saúde pública em Arapiraca vai sofrer novo golpe no dia 20 de agosto com o encerramento das atividades da Maternidade Mãe Rainha, que funciona no Hospital CHAMA. A unidade é referência em atendimento materno-infantil na 2ª Macrorregião do estado, chegando a fazer mais de mil partos a cada trimestre em pacientes de todos os municípios da região.

O fechamento da maternidade, segundo comunicado oficial do hospital, é fruto da falta de credenciamento para atendimento de alto risco e ausência de repasses financeiros pelos procedimentos realizados.

A direção da unidade esclarece que “a manutenção da maternidade comprometeria a viabilidade dos demais serviços prestados pelo hospital”.

O fechamento da maternidade também coloca em risco a assistência para esse público no Hospital Regional, em Arapiraca, com a tendência de superlotação. A situação, se concretizada, caminha para o colapso da assistência obstétrica em Arapiraca.

A administração do CHAMA comunicou formalmente ao Ministério Público Estadual de Alagoas a situação, por meio de ofício assinado pelos advogados Edimilson Rodrigues do Nascimento e José Rogério Carvalho Oliveira, protocolado em 20 de fevereiro de 2025.

No documento, a unidade menciona fundamentos legais para a decisão, como o artigo 24 da Lei nº 8.080/1990 (Lei Orgânica da Saúde), que assegura à iniciativa privada o direito de suspender serviços contratualizados quando não há financiamento suficiente, e a Resolução CFM nº 2.147/2016, que trata da responsabilidade da gestão hospitalar na segurança dos pacientes.

A 11ª Promotoria de Justiça de Arapiraca, responsável pela área da saúde, instaurou expediente para apurar a responsabilidade pela iminente desativação da unidade.


Encontrou algum erro? Entre em contato