Conteúdo do impresso Edição 1285

ELEIÇÕES

Lenilda Luna critica gestão municipal e Braskem em sabatina do EXTRA

Candidata do UP também reafirma seu compromisso de transporte público gratuito
Por BRUNO FERNANDES 28/09/2024 - 06:00

ACESSIBILIDADE

Reprodução/Youtube/Extra
Sabatina com Lenilda Luna, candidata à Prefeitura de Maceió
Sabatina com Lenilda Luna, candidata à Prefeitura de Maceió

Na última terça-feira, 24, Lenilda Luna, candidata à Prefeitura de Maceió pelo Unidade Popular (UP), participou de sabatina promovida pelo EXTRA. Durante a entrevista, conduzida pelos jornalistas José Fernando Martins, repórter do EXTRA, e Wadson Regis, do portal AL1, a candidata abordou temas relevantes para a cidade, como o mercado imobiliário, o transporte público e as obras da gestão atual. Confira os principais trechos da conversa em formato de entrevista, cuja íntegra está disponível no canal do semanário no YouTube.

José Fernando: O que você considera como os principais problemas do mercado imobiliário em Maceió, especialmente na parte baixa da cidade?

Lenilda Luna: A falta de crescimento. Temos uma quantidade enorme de imóveis abandonados, principalmente no Centro. Isso contribui diretamente para a estagnação econômica e social da região.

José Fernando: E qual seria a solução para essa estagnação?

Lenilda Luna: Reordenamento urbanístico. É preciso fazer um planejamento que envolva universidades, como a Ufal, além de grupos como o BR Cidades, que defendem o urbanismo social e habitações populares. Temos o conhecimento técnico necessário, basta vontade política para aplicá-lo.

José Fernando: A senhora defende a implementação de transporte público gratuito em seu plano de governo. Como essa medida pode impactar o mercado imobiliário?

Lenilda Luna: Com o transporte público gratuito, mais pessoas terão acesso às áreas centrais, o que pode revitalizar o comércio local e incentivar a ocupação de imóveis abandonados. Isso ajudaria a dinamizar economicamente essas áreas.

Wadson Regis: A popularidade do atual prefeito, JHC (PL), está em alta. Em um eventual segundo turno entre ele e Rafael Brito (MDB), você apoiaria algum deles?

Lenilda Luna: Não. Nem JHC nem Rafael Brito me representam. Acredito que o cenário ideal seria uma disputa entre “o candidato de Arthur Lira e a candidata do povo”. A minha campanha e a de Lobão são as mais humildes em termos de recursos, mas estamos firmes.

José Fernando: Você mencionou que há indícios de superfaturamento em obras da atual gestão. Pode nos dar um exemplo?

Lenilda Luna: O projeto Renasce Salgadinho. Orçado inicialmente em R$ 80 milhões, ele já teve seu orçamento dobrado, e ainda não foi concluído. Há gastos questionáveis, como o contrato de carros-pipa para irrigar grama plantada em área de alta salinidade, que claramente não se sustenta.

José Fernando: A Prefeitura alega que 52% das obras do Renasce Salgadinho já foram concluídas. Como você avalia a transparência na gestão desses recursos?

Lenilda Luna: Falta muita transparência. A sociedade e os jornalistas não têm acesso facilitado aos dados. Não sabemos exatamente quanto está sendo gasto e como. O dinheiro entra, mas sem uma gestão eficiente, escoa e não sabemos ao certo o que foi feito.

Wadson Regis: Outro ponto polêmico é o acordo da Prefeitura com a Braskem, no qual o município recebeu R$ 1,7 bilhão em indenizações. Como você pretende tratar essa questão, caso eleita?

Lenilda Luna: Vamos tratar a Braskem como criminosa. O que ocorreu em Maceió é o maior crime socioambiental em andamento no mundo. A empresa destruiu bairros inteiros, e agora os recursos precisam ser utilizados com transparência para reparar o que foi causado.

José Fernando: Você acredita que a Braskem sabia dos riscos de sua operação em Maceió?

Lenilda Luna: Sim, desde os anos 1990, pelo menos. Documentos mostram que a empresa já sabia do risco de afundamento. E ainda tentaram empurrar a narrativa de que eram placas tectônicas, tentando desviar a culpa. Foi o professor Abel Galindo, da Ufal, quem primeiro denunciou a verdade, e a imprensa teve um papel importante em expor os fatos.

José Fernando: E qual seria o papel da sociedade e do Ministério Público nesse processo de fiscalização?

Lenilda Luna: A sociedade precisa provocar o Ministério Público. Se não houver denúncias e ações civis públicas, as coisas continuarão como estão. Precisamos de uma administração que realmente responda à população e que seja transparente em suas ações.


Encontrou algum erro? Entre em contato