Conteúdo do impresso Edição 1285

LUTO NO JORNALISMO

Familiares e amigos se despedem de Sebastião Nery

Um dos maiores jornalistas e colunistas do país, ele morreu aos 92 anos no RJ
Por MARIA SALÉSIA 28/09/2024 - 06:00

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Arquivo Pessoal
Sebastião Nery
Sebastião Nery

Familiares e amigos se despediram esta semana do jornalista Sebastião Nery, que faleceu aos 92 anos. Cidadão do mundo, deixou órfão Jaguaquara (BA), como todo o Brasil e alguns países além das fronteiras. Talvez não tenha se acostumado com as terras onde andou e, em casa, sob o olhar do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, partiu na madrugada de segunda-feira, 23. Pensamento rápido, memória cortante, tinha nomes, acontecimentos e datas na ponta da língua. Aliás, Nery não tinha papas na língua. Foram mais de 60 anos dedicados ao jornalismo abrilhantando as muitas redações por onde passou com sua inteligência universal. Foi também um dos escritores mais fascinantes do Brasil e gigante em tudo que se propôs a fazer.

Viúvo, pai de Jacques, Sebastião Nery Júnior e Ana Rita, ajudou a construir a intelectualidade e a história brasileira. Um mestre de encantamentos com uma prosa sempre atual. Certa vez, escreveu a um amigo que “cada um empurra a porta como pode”. Ele nunca desistiu de lutar contra a porta emperrada da política insensível e tantas vezes corrupta. Costumava viajar na história e relembrar passagens vivenciadas desde Getúlio Vargas, JK, Carlos Lacerda, com passeio pela ditadura militar – período em que foi preso e cassado – chegando aos tempos modernos sem poupar as críticas.

Nery foi seminarista na Bahia, depois migrou para Minas Gerais onde foi professor, repórter e político. Sempre com sede de informar e se informar, bateu asas para o Rio de Janeiro e lá passou por todas as redações. De deputado estadual (BA) cassado, tornou-se deputado federal (RJ), adido cultural em Roma e Paris. Nery foi cidadão do mundo. Só na Rússia esteve por mais de 10 vezes. Fez história na Itália, França, Portugal, Espanha, América Latina e outros países.


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