Conteúdo do impresso Edição 1286

ELEIÇÕES

Renan e Lira vão para o tudo ou nada em nome de 2026

Quem terá mais prefeitos e vereadores neste domingo?
Por ODILON RIOS 05/10/2024 - 07:00

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AGÊNCIA SENADO E CÂMARA DOS DEPUTADOS
Calheiros e Arthur Lira ‘brigam’ pelo maior número de prefeituras
Calheiros e Arthur Lira ‘brigam’ pelo maior número de prefeituras

As duas principais lideranças políticas de Alagoas vão, de fato, testar suas forças neste domingo de eleições e mostrar qual delas acumulará mais prefeitos e vereadores. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e o senador Renan Calheiros (MDB) se enfrentam, não diretamente, mas o voto popular mostrará quem montou a melhor estratégia e se revelou mais útil na hora de atrair eleitores para as urnas, decidindo seus candidatos.

Os prognósticos indicam que o PP deve eleger ou reeleger 29 prefeitos; o MDB, 65. Segundo Renan, o PP apoia o MDB em 16 cidades. É o caso de Coruripe, Feliz Deserto e Jequiá da Praia. De comum entre as três: os candidatos são da família Beltrão, velhos aliados do senador.

Fora do PP e do MDB, Lira e Renan têm aliados espalhados em todas as cidades. O que é consenso entre ambos? O prefeito de Maceió, JHC (PL), já pode se considerar eleito e já ajuda a construir uma terceira força político-eleitoral com capacidade de eliminar um deles ou ambos do jogo.

Por isso, existe na mesa uma proposta que pode agregar os três ao mesmo grupo. Não está descartada uma aliança ao governo do Estado e Senado se Arthur Lira usar sua influência para encaminhar mais verba federal ao estado – e não somente a seus redutos eleitorais.

Este acordo tem muitas condições. JHC, por exemplo, planeja gastar os R$ 1,7 bilhão do acordo assinado entre a Braskem e a Prefeitura de Maceió em obras e ações pela cidade antes de deixar a Prefeitura em 2026 para se candidatar ao Senado ou governo. Este acordo foi dividido em 6 parcelas, a 5ª será paga em 15 de outubro, R$ 250 milhões; a última parcela, em 15 de dezembro, mesmo valor.

Outra condição: projetar o uso dos R$ 286 milhões da BRK, dinheiro repassado em 2023 pelo governo após ação judicial no Supremo Tribunal Federal determinando a partilha dos R$ 2 bilhões recebidos pelo Estado pela concessão dos serviços de água e esgoto para a empresa privada. Há, ainda, os empréstimos tomados pela gestão JHC.

Não há sentido deixar a Prefeitura daqui a dois anos sem que estes recursos já estejam circulando em projetos e obras, mesmo que a administração seja deixada para o vice Rodrigo Cunha (Podemos). Também é arriscado disputar o governo enfrentando o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), também sabendo que os Calheiros projetam mais prefeitos e vereadores eleitos neste domingo, medida de precaução, ou seja, “fechando” o cenário para evitar que JHC encontre brechas e firme futuras alianças.

É mais crível que o prefeito – se conseguir cumprir todas ou parte das condições acima – fique na oposição aos Calheiros mas dispute o Senado. Terá de ser o segundo voto – o primeiro é de Arthur Lira. Ou seja: a aliança com o deputado federal precisa sobreviver até 2026. Do contrário, Lira fará uma “aliança branca” com Renan, incentivando prefeitos e vereadores de cada lado a apoiar um ao outro.

Futuro do presente

Na semana passada, Calheiros foi indiciado pela Polícia Federal por favorecer o grupo farmacêutico Hypermarcas (atual Hypera Pharma) em votações no Senado. Lira está às voltas com o fantasma do orçamento secreto, na mira do ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino, além da compra dos kits de robótica superfaturados para prefeituras alagoanas.

É improvável que estas investigações representem problemas futuros a ambos. E, levando em conta acusações semelhantes num passado nem tão distante assim, também não devem perder votos.

Por isso, a investida no resultado das urnas no próximo domingo é um divisor de águas. Importará mais eleger uma quantidade suficiente de prefeitos e vereadores para que em 2026 eles sejam úteis para levá-los ao Senado.

Aos 69 anos, Renan Calheiros é senador há quatro mandatos. Disputará a quinta e última reeleição. Na história política de Alagoas, apenas Dom Nuno Eugênio Lóssio e Seiblitz foi tão longe. Nascido em Recife em 1782, foi senador por Alagoas de 1826 a 1843. Morreu no exercício do 5º mandato consecutivo. Renan também foi três vezes presidente do Senado.

Aos 55 anos, Arthur Lira quer começar a carreira no Senado, onde já passou o pai Benedito de Lira por dois mandatos (2011-2019).

Um senador ganha R$ 41.650,92. Mas tem privilégios. Auxílio-moradia (R$ 5.500); cota para exercício de atividade parlamentar (entre R$ 30 mil e R$ 50 mil); plano de saúde exclusivo para ele, filhos e esposa (R$ 26 mil por ano), além de 11 cargos comissionados.

É também recebido com tapete vermelho por prefeitos e vereadores, tratados com luxo e pompa em órgãos públicos cujas indicações são feitas pelos senadores aliados. Lógico: também desfrutam de um “ombro amigo” em Brasília para chegar a ministro e, quem sabe, autoridade de grande calibre no Judiciário.


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