ELEIÇÕES
Sem Lula, Bolsonaro, Renan ou Lira nos palanques, campanhas focaram em apoios virtuais
Clima de ‘já ganhou’ e baixo desempenho nas pesquisas dificultaram presença in locoCom as campanhas eleitorais de 2024 praticamente no fim, os principais líderes políticos do país, como Lula (PT), Bolsonaro (PL), Renan Calheiros (MDB) e Arthur Lira (PP), optaram por manter suas presenças limitadas ao ambiente virtual em Alagoas.
Para JHC, prefeito em busca da reeleição e presidente regional do PL, a ausência de Jair Bolsonaro não representa um prejuízo significativo. O ex-presidente, que teve uma vitória expressiva em Maceió nas eleições de 2022, optou por não se envolver diretamente na campanha local e apareceu apenas em fotos — antigas — com alguns candidatos da direita alagoana. JHC, por outro lado, enquanto lidera as pesquisas, está mais focado em consolidar o apoio dos candidatos do PL à Câmara de Vereadores, no qual tem investimento de pouco mais de R$ 8 milhões.
Rafael Brito, por outro lado, enfrenta uma situação diferente. Candidato do MDB à prefeitura, ele esperava contar com a presença de Lula para impulsionar sua candidatura, uma vez que o PT desistiu de lançar seu próprio candidato, Ricardo Barbosa. Embora Lula tenha manifestado a intenção de participar das campanhas de aliados com chances reais de vitória, a baixa performance de Brito demonstrada nas primeiras pesquisas, oscilando em torno de 10%, acabou desmotivando o envolvimento do presidente.
O conflito de interesses entre os principais nomes da base aliada de Lula no Congresso também influenciou sua ausência. De um lado, o senador Renan Calheiros, apoiador de Brito, e, de outro, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, aliado de JHC. Essa disputa entre as lideranças locais tornou a presença de Lula ainda mais delicada, uma vez que qualquer manifestação mais contundente poderia desagradar um dos lados e comprometer futuras alianças políticas no Congresso.
Mesmo sem uma participação direta, Lula fez questão de gravar um vídeo de apoio para Brito, divulgado faltando pouco mais de quatro dias para o pleito. Na mensagem, o presidente reforçou a importância de eleger Brito para que Maceió “entre no rumo certo”. No entanto, essa foi a única intervenção presidencial na campanha, insuficiente para gerar uma virada substancial nas intenções de voto do candidato do MDB.
Arthur Lira, assim como Renan Calheiros, também evitou associar sua imagem à campanha local e, desde a convenção do PL em Maceió, ao lado de JHC e Rodrigo Cunha, nome escolhido contrariando o presidente da Câmara dos Deputados, não apareceu mais em eventos públicos com o prefeito.
O distanciamento de Lira pode estar relacionado a episódios como a vaia que recebeu em um evento em maio, ao lado de JHC, durante a entrega de casas no Vergel do Lago. Desde então, Lira redirecionou seus esforços para a campanha do pai, Biu de Lira, em Barra de São Miguel, e para a candidatura do primo Joãozinho Pereira, em Junqueiro, locais onde suas chances de sucesso eleitoral são maiores.
Renan Calheiros, por sua vez, preferiu adotar uma postura mais discreta, seguindo o conselho do filho, Renan Filho, e limitando sua exposição pública ao lado de Rafael Brito. Embora tenha evitado aparições conjuntas, Calheiros fez algumas menções indiretas de apoio a Brito em redes sociais, mas sem o entusiasmo ou a visibilidade que muitos esperavam.