ELEIÇÕES
Galba Netto e Chico Filho disputam quem tem mais votos e poder
Vereadores largam na frente e antecipam eleição à presidência da CâmaraA disputa pelo voto entre os vereadores de Maceió envolve dois personagens ligados a poderosas oligarquias na política local, e desde já mirando a presidência da Câmara de Vereadores, cuja eleição acontece em fevereiro de 2025: Galba Netto (PL), atual presidente, e Chico Filho (PL), que já presidiu a Casa. Correndo por fora, o vereador Marcelo Palmeira (PL).
Galba teoricamente não pode disputar um terceiro mandato no comando do Legislativo. Mas pode interferir – e muito – nas articulações para definir quem irá sentar na mais cobiçada cadeira da Câmara.
Os três têm livre acesso ao gabinete do prefeito JHC (PL), considerado reeleito mesmo antes da votação deste domingo. Chico Filho e Galba Netto já se consideram garantidos em 2025. A questão é: um quer ser mais votado que o outro. Na prática, é demonstração de poder e força ao futuro gestor da capital.
Marcelo Palmeira acumula três prefeituras – e seus candidatos a prefeito devem ser eleitos neste domingo: Capela, Atalaia e Barra de São Miguel. Chico Filho e Galba Netto ainda não atingiram tamanho calibre (também financeiro). Os três também possuem pontes com a família Calheiros.
Mas, no meio do caminho, existe uma outra eleição. Não a do próximo domingo. Em fevereiro de 2025, os vereadores, reunidos, vão escolher o futuro presidente da Câmara em uma votação que pode ser secreta. É onde a possibilidade de traição se torna ainda maior e quem se acha vencedor pode amargar decepção.
Foi assim em fevereiro de 1979 quando o governador Guilherme Palmeira, o recém-escolhido prefeito de Maceió Fernando Collor e o então presidente da Câmara, Benedito de Lira, apoiaram Galba Novaes para a presidência da Câmara. Venceu Mironildes Vieira Peixoto por 8 a 6, após dissidência entre edis da Arena e articulação do MDB, então oposição (consentida) à ditadura militar.
As famílias Novaes e Holanda chefiaram a Câmara em várias ocasiões.
- O avô de Chico, Otacílio Holanda, nos anos de 1967-1968, 1970; o pai Chico Holanda, 1988-1990; o primo Dudu Hollanda, 2009-2010. E o próprio Chico, 2013-2014.
- O avô de Galba, Galba Novaes de Castro (1981-1983, 1986-1988) e o pai, também Galba (2011-2012). E agora Galba Netto (2021-2022, 2023-2024).
Os Novaes ensaiaram voos maiores. Avô, pai e filho assumiram interinamente a Prefeitura em Maceió, após acordos. Galba Netto chegou a ser ventilado como vice de JHC, mas quem ganhou a vaga foi o senador Rodrigo Cunha (Podemos). O pai Galba Novaes chegou a ser candidato a vice-governador de Fernando Collor nas eleições de 2010. Depois, foi presidente do MDB da capital. Teve de sair da função após Galba Netto mudar de legenda e apoiar a reeleição de JHC. Em retaliação, como Galba Novaes era suplente e estava exercendo o cargo de deputado estadual, voltou para a suplência após articulação do governo, oposição a JHC.
Historicamente as duas famílias sempre estiveram ao lado do poder. Foi assim nos tempos da ditadura e quando chegou a democracia e todos os prefeitos, desde a redemocratização.
A diferença agora também é o voto dos conservadores. E eles estão em áreas da periferia dominadas por cabos eleitorais dos dois vereadores. Este fato também pesou na mudança de lado dos dois vereadores. Eles eram filiados ao MDB, do senador Renan Calheiros. Tão logo o prefeito JHC se filiou ao PL e virou candidato praticamente imbatível na disputa à Prefeitura, Chico e Galba mudaram de lado. E escolheram o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, assumindo também as bandeiras do bolsonarismo.
Foi uma opção pela sobrevivência na política partidária. Se optassem pela oposição, apoiariam o deputado federal Rafael Brito (MDB), com poucas chances de levar a eleição ao segundo turno. Só que o eleitor mais conservador está dividido. E os acordos estão sendo costurados para que uma parte deles migre para Chico e Galba. Luciano Marinho (PL) tem vantagem neste público – Assembleia de Deus e Igreja Católica (ala mais conservadora). A médica e hoje ex-vereadora Fátima Santiago também tem o apoio da AD Brás Madureira. Ela quer fazer o caminho de volta para a Câmara.
Dividindo os votos agora, Santiago e Marinho podem conseguir vantagens na futura Mesa Diretora. Desde que não decidam se candidatar a presidente.