JOGO DO PODER
Lira quer acordo, Renan nega e JHC vira trunfo eleitoral
Anunciada nacionalmente, união de rivais é rechaçada por calheiristasOficialmente, o segundo mandato do prefeito JHC (PL) ainda não começou, mas ele costura uma segunda gestão ainda melhor que a primeira. Ao menos, esse é o objetivo dos caldistas mais fervorosos. Eis a questão: para quê? Jota é cotado para disputar o governo do Estado ou uma vaga ao Senado em 2026. E a semana que passou foi agitada. No blog de Lauro Jardim, repercutiu a informação de um acordo entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), o senador Renan Calheiros (MDB) e JHC.
O prefeito – disse Jardim – estava de malas prontas para Brasília, onde se encontraria com o presidente Lula (PT). Na bagagem, a indicação da tia do prefeito, Marluce Caldas, como ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e um grande acordão: JHC disputando o governo, Calheiros tentando a reeleição e Lira concorrendo ao Senado.
O grupo de Calheiros nega o acordo. Crê que Lira é quem tenta “forçar a barra” para isso acontecer. Ainda enxerga debandada de prefeitos eleitos com ajuda do presidente da Câmara, o que teoricamente beneficia Calheiros. Quanto a Lira? Silêncio absoluto.
Há razões: a primeira é que ele investe para se tornar um dos pecuaristas mais ricos do Brasil. Comprou, nesta semana, metade de uma vaca da raça Nelore por R$ 2,5 milhões. Em outubro do ano passado, realizou um grande leilão no interior alagoano, arrecadando R$ 4,3 milhões. Juntou tudo isso a terras adquiridas na cidade pernambucana de Quipapá e outras cidades. Os negócios prosperam.
O deputado ensaia poder e prestígio na eleição do sucessor no comando da Câmara, mas vem sendo escanteado. Ainda não obteve a sinalização que busca para ser indicado ministro de Lula a partir de 2025. E, se isso acontecer, não deve ocupar o Ministério da Saúde – sonho do Centrão. Enquanto isso, assiste à ascensão de Hugo Motta (Republicanos/PB) para chefiar o Legislativo, à promessa de indicar o deputado alagoano Isnaldo Bulhões (MDB) como presidente da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), hoje nas mãos do deputado Julio Arcoverde, do PP do Piauí.
Lira também não terá mais força para manter seus indicados no DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Também perderá o comando do orçamento secreto, que mudou de nome, mas continua ativo como instrumento de compra de apoios no Congresso em troca de votos nos mais distantes currais eleitorais do Brasil.