Conteúdo do impresso Edição 1298

PROMESSAS

Cunha assume obra que era vitrine da oposição

Vice encabeça Secretaria de Infraestrutura, que começou (e não terminou) revitalização do Salgadinho
Por ODILON RIOS 11/01/2025 - 08:34
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SAULO CRUZ-AGÊNCIA SENADO
Senador Rodrigo Cunha
Senador Rodrigo Cunha

Ao assumir o comando da Secretaria de Infraestrutura da capital, o vice-prefeito Rodrigo Cunha (Podemos) também tem a responsabilidade de tocar o contrato assinado entre a Prefeitura e a Companhia Andina de Fomento (CAF) – em verdade, um banco – que emprestou 70 milhões de dólares em um programa que ainda é considerado o maior em obras na cidade. Mas com um detalhe curioso: o contrato é da gestão Rui Palmeira, hoje vereador da capital e na bancada de oposição ao prefeito JHC (PL).

Em dezembro passado, a Prefeitura autorizou a Seminfra a assinar um segundo termo aditivo, renovando, por mais um ano, o acordo assinado com uma auditoria independente, a Audimec – Auditores Independentes S/S – EPP, exigência do CAF para acompanhar o destino do dinheiro. Além disso, os executivos do banco estiveram em Maceió em março do ano passado, vistoriando as obras.

Eis a missão de Rodrigo Cunha: terminar a execução deste contrato – na papelada original, as obras deveriam ser executadas entre 2019 a 2022 – também entregando a vitrine do projeto: a revitalização do riacho Salgadinho, tornando o maior esgoto a céu aberto da capital – e despejado nas praias – em água tratada, canalizada para o emissário submarino e retomando a era dos banhos de mar na praia da Avenida.

Projeção da Prefeitura indica que 300 mil pessoas serão impactadas, melhorando a qualidade de vida e gerando 270 empregos desde já com os trabalhos. Também se inclui, na região do Salgadinho, serviços de paisagismo, construção de estacionamento, rampas de acessibilidade. Na Grota do Pau D’Arco (Vale do Reginaldo) – por onde também passa o esgoto em direção ao Salgadinho – está em construção uma lagoa filtrante. E no Riacho Águas Férreas (Cruz das Almas), estão sendo concluídas obras de urbanização e uma estação elevatória, também em execução nos riachos do Sapo e Gulandi – todos alimentando o Salgadinho.

A operação de crédito com o CAF completou 7 anos em dezembro de 2024. Foi chamada de Revitaliza Maceió e tinha a proposta de suprir a ausência de planejamento adequado na cidade, segundo detalham os papéis. Citavam-se dados de 2015 para justificar o empréstimo: segundo a Fundação City Mayors, a capital alagoana apresentava taxa de crescimento acelerada e poderia se tornar “num futuro breve” (palavras do relatório) a 4ª cidade mais populosa do Nordeste, superada apenas por Salvador, Recife e Fortaleza, o que não aconteceu. No Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Maceió é a 5ª cidade mais populosa da região: São Luís ocupa a quarta colocação.

Naquele 2015, não se falava no afundamento dos bairros provocado pela Braskem nem na pandemia, e a cidade liderava em homicídios no país (hoje está fora do ranking das dez mais violentas).

Dez anos depois, Maceió tem orçamento de R$ 4,8 bilhões, e 16,74% deste valor poderá também ser aplicado em obras de infraestrutura. A Braskem terminou, em dezembro, de depositar a última parcela do total de R$ 1,7 bilhão assinados com a Prefeitura, revertendo em obras o prejuízo causado após os deslizamentos e a desvalorização dos imóveis em bairros da cidade. Rodrigo Cunha tem a seu favor duas projeções positivas dos técnicos da gestão: a previsão de crescimento de 3% do PIB e o incremento das receitas municipais, “enquanto o IPCA deverá corrigir a base tributária”.

Infraestrutura concentra obras

A Infraestrutura sempre foi cobiçada em todos os acordos que ajudaram a eleger prefeitos na capital. Em 2019, por exemplo, a pasta era liderada por Mac Lira, primo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). Na gestão JHC, escolheu-se Lívio Lima Fontenelle Filho, que ficou no cargo até a semana passada, dando lugar a Rodrigo Cunha.

A Secretaria é quem contrata construtoras para drenar e pavimentar ruas, a maior parte destes projetos fruto das emendas parlamentares. Mas a pasta é alvo de críticas dos comerciantes no Centro, que cobram revitalização, e no Mercado da Produção, forçando um debate para que a área se transforme em um polo gastronômico, hoje cercado de pocilgas, esgotos e lixo a céu aberto por todos os lados.

É também responsabilidade da Infraestrutura as construções realizadas nas encostas, para evitar desmoronamentos durante períodos de chuva, além de fazer escadarias e terraplanagens. Obras na orla marítima, incluindo desassoreamento, também são atribuições da pasta.


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