CÂMARA FEDERAL
Luciano Amaral fica a um passo de ir para o União Brasil de Alfredo Gaspar
Amaral pode se tornar o segundo representante da sigla em BrasíliaO deputado federal Luciano Amaral está prestes a migrar para o União Brasil, partido de Alfredo Gaspar, após mais de um ano de divergências internas com o presidente nacional do PV, José Luiz Penna. Se a transferência se concretizar, Amaral se tornará o segundo representante da sigla em Brasília, ao lado de Gaspar.
O atrito entre Amaral e o PV começou durante a eleição da liderança do partido na Câmara dos Deputados, onde, com apoio da família Calheiros, o parlamentar alagoano assumiu a posição, apesar da oposição de Penna. Desde então, a relação entre ambos foi marcada por tensões, culminando em uma série de desentendimentos políticos que desgastaram ainda mais a aliança dentro da legenda.
A primeira crise ocorreu em abril do ano passado, quando Penna autorizou oficialmente a saída de Amaral do partido sem que ele perdesse o mandato, após o deputado votar pela soltura de Chiquinho Brazão, condenado pela morte de Marielle Franco. Em resposta, o PV reafirmou sua insatisfação com a postura de Amaral e indicou que, em breve, tomaria outras medidas contra o parlamentar. Além disso, a tensão aumentou com a continuidade da falta de apoio a projetos de lei de Amaral que divergiam da linha do partido.
A mais recente divergência ocorreu em torno de um projeto de lei de Amaral que propõe a proibição da delação premiada de réus presos, o que gerou um novo confronto com a sigla. O PV se manifestou contra a proposta, alegando que tal medida prejudicaria as investigações em andamento e enfraqueceria o combate à corrupção. Como resposta, o partido pediu mais uma vez que o deputado deixasse a legenda, e, dessa vez, o clima ficou insustentável para ambos os lados.
Aliados de Amaral já indicam que o parlamentar deve se juntar ao União Brasil, que, em 2026, planeja expandir sua representação em Alagoas, com a expectativa de eleger pelo menos dois deputados federais. Até lá, a expectativa é que Gaspar também assuma a presidência da sigla em Alagoas. A transição política, no entanto, depende de alguns ajustes, incluindo a relação de Amaral com o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, desafeto de Gaspar. Esse aspecto ainda gera desconfiança entre os membros do União Brasil, que avaliam com cautela o impacto dessa aliança.
Em junho de 2024, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu permissão para que Amaral deixasse o PV sem perder seu mandato, facilitando sua transição para o União Brasil, partido da coligação com o PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A migração de Amaral também pode trazer implicações em relação ao projeto de lei polêmico. Especialistas alertam que, se aprovado, o PL que proíbe a delação premiada pode prejudicar investigações criminais e favorecer organizações criminosas. Para Roberto Uchôa, policial federal, doutorando em segurança pública e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a delação premiada é essencial para desmantelar facções criminosas e desvendar esquemas de corrupção em nível nacional.
“Em muitos casos, a delação é crucial para entender como operam essas organizações, economizando recursos e tempo. Além disso, facilita a descoberta de crimes financeiros, como lavagem de dinheiro. Em alguns casos, a colaboração de membros de facções pode evitar mais vítimas e aprofundar as investigações contra grandes criminosos”, afirmou Uchôa à imprensa, citando o caso da vereadora Marielle Franco, cujos mandantes só foram identificados graças à delação do policial Ronnie Lessa, que estava preso.