DESIGUALDADE DE GÊNERO
Maceió e Arapiraca entre as piores cidades para mulheres no Brasil
Estudo também aponta violência e baixa representatividade feminina na política
Um estudo inédito da Tewá 225 revelou um cenário preocupante para as mulheres em Maceió e Arapiraca. A pesquisa, que analisou 319 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, classificou Maceió como a quinta pior capital para mulheres e Arapiraca como a 34ª pior cidade do Brasil em termos de igualdade de gênero.
O levantamento considerou indicadores como representação política feminina, taxa de feminicídio, desigualdade salarial e a presença de mulheres que não estudam nem trabalham. Os dados foram extraídos do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC-BR) e alinhados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS 5) da ONU.
Maceió figura entre as piores capitais do país para as mulheres, ocupando a quinta posição no ranking negativo. A baixa presença feminina na Câmara de Vereadores é um dos fatores que contribuem para essa classificação. Atualmente, menos de 30% dos parlamentares eleitos são mulheres, o que limita a formulação de políticas públicas voltadas para equidade de gênero.
Outro dado alarmante é a taxa de feminicídio na capital alagoana. O relatório apontou que 99% dos municípios analisados apresentam índices considerados muito altos, acima de 3 mortes para cada 100 mil mulheres. Esse índice evidencia a necessidade de políticas mais efetivas de proteção e combate à violência doméstica.
No mercado de trabalho, a desigualdade salarial também é expressiva. O estudo mostra que, apesar de ocuparem cargos de liderança e qualificações semelhantes, as mulheres ainda recebem salários significativamente inferiores aos dos homens.
Arapiraca, segunda maior cidade de Alagoas, ocupa a 34ª posição entre as piores cidades para mulheres no Brasil. A economia local, fortemente ligada ao agronegócio e ao setor de serviços, apresenta barreiras para a inserção feminina em postos de trabalho formais e bem remunerados.
Além disso, o estudo indica que muitas jovens entre 15 e 24 anos não estudam nem trabalham, o que acentua a desigualdade de gênero na cidade. Outro ponto crítico é a baixa representatividade feminina na política municipal. Assim como em Maceió, a presença de mulheres na Câmara de Vereadores de Arapiraca ainda é insuficiente para garantir um debate equilibrado sobre questões de gênero e políticas públicas voltadas para a equidade.
O estudo da Tewá 225 reforça que a desigualdade de gênero não é uma questão isolada de Maceió e Arapiraca, mas sim um problema estrutural no Brasil. Das cidades analisadas, 85% foram classificadas como tendo um índice “muito baixo” de igualdade de gênero, e apenas 32% conseguiram pontuação razoável na equiparação salarial entre homens e mulheres.
Com a recente renovação dos mandatos municipais, há uma expectativa de que os novos gestores adotem medidas concretas para reverter esse quadro. Especialistas destacam a importância de políticas públicas voltadas para a proteção das mulheres, a ampliação da representatividade política feminina e investimentos em educação e qualificação profissional.
A coordenadora executiva do estudo, Luciana Sonck, enfatiza que o levantamento deve servir como base para ações concretas: “Expor as desigualdades de gênero é fundamental para cobrar mudanças e promover um futuro mais justo para todas as mulheres. Esperamos que os novos gestores utilizem esses dados para implementar políticas mais eficazes e garantir maior equidade em suas cidades”.
Top 10 melhores e piores cidades para mulheres no Brasil
No ranking das piores cidades brasileiras, Paranaguá (PR), São Pedro da Aldeia (RJ) e Camaçari (BA) destacam-se como as cidades mais desafiadoras para as mulheres, com altas taxas de feminicídio, baixa representação política feminina e economias fortemente voltadas aos setores agropecuário e industrial, onde historicamente as oportunidades para mulheres são mais limitadas e as condições de trabalho são menos favoráveis.
Na lista das piores cidades integram 50% dos municípios das regiões Norte e Nordeste e 50% no eixo Sul-Sudeste. O top 10 piores cidades para mulheres no Brasil é composto por:
1º Paranaguá (PR);
2º São Pedro da Aldeia (RJ);
3º Camaçari (BA);
4º Macaé (RJ);
5º Parauapebas (PA);
6º Cabo de Santo Agostinho (PE);
7º Pindamonhangaba (SP);
8º Açailândia (MA);
9º Santana (AP);
10º Ponta Grossa (PR).
Já entre o top 10 melhores cidades para mulheres no Brasil, 80% encontram-se no eixo Sul-Sudeste e se destacam:
1º Araras (SP);
2º São Caetano do Sul (SP);
3º Brasília (DF);
4º Nova Serrana (MG);
5º Balneário Camboriú (SC);
6º Nova Friburgo (RJ);
7º Londrina (PR);
8º Birigui (SP);
9º Sobral (CE);
10º Brusque (SC).
SOBRE A TEWÁ 225
A Tewá 225 é negócio de impacto positivo que traz soluções para os desafios socioambientais das empresas, organizações e governos. Desde 2013, emprega uma metodologia própria de escuta e participação social na construção de estudos e soluções com viés de gênero, escuta territorial e gestão do conhecimento, tendo atuado com mais de 50 empresas e organizações, como Unesco, ONU Mulheres, Unicef, OIT, GIZ, WRI, Tereos, Fundação Tide Setubal e Instituto Votorantim, em mais de 50 cidades de todas as regiões do país.
A consultoria é composta 100% por mulheres, certificada pela Rede Mulher Empreendedora, membro da rede Parceiros Pela Amazônia (PPA) e signatária do acordo “Race to zero” (compromissos de redução de emissões de carbono ou neutralização de suas emissões), pelo qual também integra a rede SME Climate Hub.