HOSPITAL VEREDAS
Gestão predatória deixa rombo de R$ 500 milhões na instituição
Intervenção produz resultados em 30 dias e setores essenciais começam a ser reabertos
Depois de gestões administrativas desastrosas, ingerências políticas nefastas e cenários diversos que culminaram com um déficit total de R$ 500 milhões e o desmantelamento paulatino até o fechamento geral do Hospital Veredas (Fundação Hospital da Agroindústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas) há quatro meses, a instituição privada, que presta atendimento ao SUS (Sistema Único de Saúde), localizada em Maceió, tem agora a oportunidade de se reerguer e voltar a ocupar espaço de importância na área da saúde no estado.
A oportunidade vem da intervenção do poder público, provocado pela real ameaça de colapso iminente na rede de saúde, e o envolvimento do Hospital Veredas na solução de problemas da rede como falta de leitos referenciados e de acesso à assistência de alta complexidade.
Na avaliação do presidente da equipe de intervenção instalada no hospital, o advogado Nelson Magalhães de Oliveira Tenório Sobrinho, a integração de órgãos públicos na construção de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), visto por muitos como procedimento que denigre a imagem do hospital, é, em verdade, o primeiro passo determinante do processo para reestruturação e para devolver um Hospital Veredas funcional à sociedade.
Nelson Tenório, indicado pelo juiz federal Raimundo Alves de Campos, da 13ª Vara da Justiça Federal para coordenar o trabalho das equipes interventoras no hospital, é ex-procurador geral do município de Maceió e atual subsecretário da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social do Estado. Ele assumiu o cargo há pouco mais de 30 dias com as missões de contratar uma empresa gestora para o hospital e também providenciar a reabertura total da unidade de saúde.
PRIMEIROS RESULTADOS
O trabalho já começou a dar resultados e a atender gradualmente as prioridades para a rede pública de saúde pontuadas pelos governos estadual e municipal. Nelas, estão incluídas a reabertura da UTI Geral e UTI Pediátrica, maternidade, setor de Hematologia, cirurgias pediátricas e de alta complexidade, leitos de regulação para o SUS (chamados de RUE – regulação, urgência e emergência), setor de ortopedia, setor de neurologia e leitos cirúrgicos.
A UTI Pediátrica voltou a funcionar no Veredas na sexta-feira da semana passada, dia 14. A UTI Geral foi aberta esta semana com 10 leitos e dentro de 40 a 60 dias a maternidade retoma às atividades com 27 leitos. A perspectiva é de que o Hospital Veredas esteja em pleno funcionamento até o final deste ano com o retorno dos setores de forma progressiva e à medida que recursos entrem no caixa da instituição.
No TAC, representantes da saúde do Estado e de Maceió se comprometeram a só transferir pacientes para o Hospital Veredas quando estabilizado, preparado para internamento cirúrgico ou outro procedimento. A decisão é citada como de grande importância pelo advogado Nelson Tenório.
Segundo explica, o SUS remunera apenas 10 dias de internamento, mas a ocupação do leito por um paciente desestabilizado, enviado pelas UPAs ou outros serviços, costumava demorar além desse prazo, gerando custos que não eram pagos. Com a medida, o hospital será remunerado por toda prestação de serviço ao paciente e haverá maior rotatividade nos leitos.