XADREZ POLÍTICO
Chapão do MDB veta ex-prefeitos que miram Assembleia em 2026
Aliados tentam acomodar nomes a partidos aliados, mas há desentendimentos
No palco das composições do Palácio República dos Palmares, o chapão do MDB promete endurecer o jogo para quem quer disputar a reeleição pelo partido na Assembleia Legislativa ou, no caso dos sem mandato e muitos votos, quem quer alcançar pela primeira vez uma vaga na Casa de Tavares Bastos.
Neste darwinismo político-eleitoral sobrevivem os mais fortes, que brigam com gente tão ou mais poderosa. O resultado é conhecido: muitos dormem eleitos e acordam no outro dia sem mandato.
Em 2022, o MDB elegeu ou reelegeu 14 deputados. Em 2026, a tarefa é ainda mais ousada porque o líder do partido, o senador Renan Calheiros (MDB), disputará sua quarta reeleição. E vai enfrentar o deputado federal Arthur Lira (PP), tratado como o segundo voto entre alguns do ‘grupo dos 14’.
Porém, nem todos querem permanecer neste chapão. E se ficam, não aceitam novos nomes com chance de vitória. Isso porque, da forma como as coisas estão, quem hoje está no grupo precisa de ao menos 35 mil votos nas próximas eleições. Levando em conta o pleito passado, dos 14 parlamentares do MDB, 12 conseguiram ultrapassar esta votação.
Dois ex-prefeitos filiados ao MDB são candidatos a deputado estadual e prometem arrastar pelo menos 40 mil votos. E estão vetados no grupo dos 14: Kil Freitas (União dos Palmares) e Júlio Cezar (Palmeira dos Índios). Cezar admite ao EXTRA negociar espaço em outros partidos da base do governo. Um deles é o PT. Mas, segundo apurou a reportagem, PT e PV devem vetar o futuro secretário do Governo Paulo Dantas. Os partidos têm Ronaldo Medeiros e Silvio Camelo nas projeções para reeleição.
Solução, apontam aliados do governador, é ajustar ambos ao PSB ou PDT. Posição que também não agrada outros grupos palacianos.
GUERRA
Em 2022, o chapão do MDB também tinha Galba Novaes, Léo Loureiro, Yvan Beltrão e Guilherme Lopes, nomes com fortes bases eleitorais. Mas nenhum deles conseguiu vaga na Casa de Tavares Bastos. O menos votado no chapão foi Gilvan Filho, com 32.035 votos. Galba Novaes bateu na trave: 29.821 eleitores.
Tamanha é a preocupação com o futuro que deputados do chapão começaram a campanha pela reeleição dentro de outra eleição: a de vereador. E fecharam lá atrás os acordos valendo para o próximo ano. O MDB filiou em janeiro o ex-vereador Lobão, projetado como escada pela legenda. Ele poderia ser aproveitado por Lira, daí a estratégia antecipada por Renan Calheiros. Deve ser útil para turbinar votos aos nomes mais competitivos.
Marcelo Beltrão, presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) e prefeito de Coruripe, deixou o grupo de Arthur Lira e se filiou ao MDB. É irmão de Yvan Beltrão, que deve disputar as eleições na Assembleia e fazer campanha por novo mandato de Marx Beltrão a deputado federal.
Mira-se também uma mudança de estratégia, para a manutenção das cadeiras legislativas nas mãos das famílias. Os Damasceno Freitas, por exemplo, têm Inácio Loiola, do MDB, como um dos mais fortes representantes do Sertão. Só que Tenorinho Malta, ex-prefeito de Inhapi e filiado ao PP de Arthur Lira, está bem posicionado nas pesquisas e também sonha disputar vaga na Assembleia.
Malta é irmão de Celso Luiz, ex-presidente da Assembleia, derrotado nas eleições de 2006 ao governo (era vice de João Lyra) e, um ano depois, indiciado pela Polícia Federal nas investigações da Operação Taturana. A eleição de Tenorinho Malta passou a ser tratada como um retorno triunfal do ex-deputado ao parlamento onde por tanto tempo ele deu as cartas e conhece como ninguém.
Já os Damasceno Freitas planejam lançar o desembargador aposentado Washington Luiz no lugar de Inácio. O ex-presidente do Tribunal de Justiça estava na semana passada em Brasília, em caravana liderada pelo deputado federal Paulão (PT), ao lado do filho Tiago (prefeito de Piranhas e reduto eleitoral da família há décadas) e a ministra Gleisi Hoffmann.
A decisão de Malta também significa mudança de lado para Ronaldo Medeiros, até então aliado do ex-prefeito e ambos agora disputando os mesmos eleitores para 2026. O quadro segue em movimento.