XADREZ POLÍTICO
Dantas conclui reforma sem mexer em cargos importantes
Postos desprezados por deputados garantem sobrevivência política a futuros candidatos
O governador Paulo Dantas (MDB) conclui sua reforma administrativa no próximo dia 28. Incluiu ex-prefeitos que elegeram seus sucessores e aqueles que não atingiram este objetivo e buscando espaço para permanecer na atividade política até a próxima eleição.
Foi um bom negócio para Dantas e o senador Renan Calheiros (MDB). Primeiro, garantiu fidelidade e o primeiro voto para a reeleição de Calheiros. Segundo, agregou nomes fortes nas urnas em cargos desprezados por deputados estaduais ou federais, porque são pastas de baixíssimo orçamento e quase nenhuma capilaridade nas cidades. Terceiro – e juntando tudo isso –, Dantas não precisou mexer na composição de secretarias-chave, como Educação, Saúde, Fazenda nem mesmo o Planejamento, cujas atribuições foram bastante esvaziadas e assumidas pela Secretaria de Governo, liderada por Vitor Pereira.
Nesta semana, em cerimônia bastante concorrida, assumiu a Secretaria da Cidadania e da Pessoa com Deficiência a ex-deputada federal Tereza Nelma, ainda filiada ao PSD mas que pode estar de mudança para o MDB. Renan Calheiros, o deputado federal Rafael Brito (MDB), que manda nas indicações da Educação, estavam presentes.
Nelma disputará vaga na Câmara dos Deputados e por uma legenda palaciana. Talvez por isso tenha aceitado o convite para uma pasta com exatos R$ 9.642.569,00 para gastar o ano inteiro ou R$ 803 mil e alguns centavos por mês. Pode não formular grandes projetos, porém mostrou tanto ao governador quanto a Calheiros a capacidade de atrair muita gente: não havia mais cadeiras no auditório Aqualtune, com capacidade para 500 lugares, e pelo menos 300 pessoas ficaram nos corredores do Palácio República dos Palmares, disputando um abraço ou o aperto de mão de Nelma.
“Nós vamos otimizar os projetos já existentes, continuar na linha da integração junto com o governo do Estado, porque nós temos crescido muito na área social. Então, trabalhar com crianças, trabalhar com pessoas idosas, pessoas com deficiência e os animais já faz parte do meu dia a dia, da minha história”, disse Nelma.
“O governador garantiu que vai, junto ao senador Renan Calheiros, viabilizar os recursos necessários para a construção do Centro de Reabilitação da Pestalozzi, em Maceió, que totalizarão R$ 10 milhões. De acordo com ele, R$ 3,5 milhões já foram assegurados”, explica a Secretaria de Comunicação.
Ela foi candidata em 2022. Obteve 24.722 votos na disputa a federal. Muito longe do menos votado Tio Rafa, do MDB: 58.134.
No dia 28, o ex-prefeito de Palmeira dos Índios Julio Cezar assumirá a Secretaria de Relações Federativas e Internacionais, tratada como figurativa, desprezada por deputados estaduais aliados ao governador e com orçamento de R$ 7,1 milhões para todo este ano.
Pelas mesmas razões, o ex-deputado estadual Davi Maia e o ex-prefeito de União dos Palmares Areski Freitas foram dois nomes anunciados por Paulo Dantas na primeira fase da reforma do secretariado.
Assumiram o Ideral e a Emater, respectivamente. A Emater tem um orçamento anual de R$ 4,8 milhões; o Ideral, R$ 8,7 milhões/ano. Pulverizando estes valores por meses, o orçamento destas duas pastas é suficiente apenas para pagar folha salarial.
Mas o Ideral tem como principal negócio a condução da Ceasa; a Emater mantém contato com produtores rurais, mas através de pesquisas bancadas pelo Estado. O que também inclui as maiores fortunas, ligadas ao campo. E na Alagoas agrária, esse é um fator importante em busca de apoios eleitorais.
Enquanto isso…
O presidente da Assembleia, Marcelo Victor (MDB), e Paulo Dantas estendem seus domínios sobre o PSD, de Gilberto Kassab. O deputado federal Luciano Amaral deixou o PV, assume o PSD e dividiu a foto com Kassab, Victor e Dantas, mostrando quem de fato manda na legenda local.
Nesta composição, Tereza Nelma deve sair e o vereador Rui Palmeira, talvez candidato a federal no próximo ano, também deve migrar em nome da continuação do sobrenome da política.
O presidente da Assembleia pode ser candidato à reeleição. Ou substituir Luciano Amaral e disputar vaga de federal.