Alagoano deixa acervo histórico de quatro décadas do Rio de Janeiro

Alagoano de Maceió, Esdras Coelho Baptista pode até ser desconhecido dos historiadores e pesquisadores do cinema brasileiro, mas sua contribuição para o Brasil e especialmente para o Rio de Janeiro não tem preço. Fotojornalista e cinegrafista registrou imagens históricas de quatro décadas da Cidade Maravilhosa, muitas inéditas. 

O acervo conta com cerca de mil latas de filmes, em sua maioria de rolos 16mm, negativos e positivos, preto e branco e coloridos, mudos e sonoros, além de imagens realizadas entre os anos 1940 a 1980. Um verdadeiro tesouro que guarda cenas como as da passeata dos Cem Mil com imagens de manifestantes a exemplo de Vinicius de Moraes, Grande Otelo, Glauce Rocha, Tônia Carrero e tantos outros artistas que participaram daquele ato.

A Coleção Esdras Baptista conta, ainda, com algumas filmagens domésticas em Super 8, e poucas cópias, sobretudo dos filmes realizados para o extinto INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), em S-8 ou 35mm. Em sua maioria, os rolos são de imagens não montadas, mas organizadas tematicamente, embora também haja negativos e cópias de obras finalizadas, como filmes técnicos, médicos e institucionais feitos para o INPS. O acervo também tem cerca de quinze fitas de vídeo U-Matic e Betacam com telecinagens de rolos do acervo feitas nos anos 1990.

Esdras foi mesmo um visionário e com sua sensibilidade conseguiu captar imagens e cenas que possibilitam matar saudades, viajar por um universo que leva a pessoa a ter a sensação de que vivenciou aquele momento que pertencia aos livros de História ou ouviu falar. O tesouro deixado pelo alagoano é uma verdadeira caixinha de surpresas. As imagens do cosmonauta soviético Yuri Gagarin em visita à sede da UNE em 1961, antes do prédio pegar fogo, são apenas um aperitivo de tamanha grandeza encontrada no garimpo feito no material.