TRAGÉDIA DA BRASKEM

Rede Record expõe drama de famílias que tiveram que abandonar bairros

Por José Fernando Martins 11/01/2021 - 07:53
Atualização: 11/01/2021 - 08:49
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Afrânio Bastos
Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto estão afundando
Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto estão afundando

O afundamento dos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto, em Maceió, foi destaque nacional ontem, 10, no semanário televisivo Domingo Espetacular, transmitido pela Rede Record. A instabilidade do solo foi causada pela extração da sal-gema de responsabilidade da Braskem. Ao todo, 10 mil casas e 45 mil pessoas foram afetadas. 

A reportagem mostrou que nem todos moradores estão deixando a região condenada pela Defesa Civil. Um dono de padaria, por exemplo, se recusa a sair de lá. O repórter André Azeredo entrou em um prédio comercial que está abandonado sob risco de desmoronamento. O mesmo ocorre com a vizinhança. 

"Tudo abandonado e destruído", concluiu o jornalista, que conversou com o senhor Nijauro Ribeiro, de 79 anos.

Todos os dias, o padeiro se levanta logo nas primeiras horas do raiar do sol para preparar a primeira fornada de pães. A Panificação Nossa Senhora da Conceição ainda persiste mesmo com os perigos causados pelo afundamento. Segundo ele, montar a padaria foi um sonho realizado com muito custo.

"Formei meus cinco filhos, que estudaram em colégios bons. Hoje, nos encontramos nessa situação difícil", desabafou. A família de Nijauro Ribeiro já não mora mais no bairro, no entanto, o padeiro continua lá com o imóvel cheio de rachaduras.

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Com uma queda de 60% nas vendas, o dinheiro para manter os funcionários ficou curto. Ainda segundo Ribeiro, curto também é o valor oferecido pela Braskem para auxiliar na mudança para outro imóvel provisório. "Vieram me oferecer R$ 10 mil e R$ 1 mil de aluguel. Só para eu desmontar o forno é mais de R$ 10 mil. E os pontos que encontro por aí são caríssimos, de R$ 7 mil", disse.

Descaso

O geólogo Abel Galindo explicou à reportagem que o diâmetro das minas que estão embaixo dos bairros deveria ser no máximo de 50 metros. "Fizeram de 90 metros, de 100 metros. Isso sabendo que a partir de 70 metros já causariam rompimentos", denunciou.

Galindo ainda revelou outro problema: a distância entre os poços, que são 35, deveria ser a partir de 100 metros, algo que não foi obedecido pela Braskem. "Dez metros, cinco metros, vinte metros", disse o geólogo sobre o distanciamento dos poços nos bairros de Maceió.

Geraldo Vasconcelos, presidente do SOS Pinheiro, declarou que dinheiro de indenização nenhum poderá resgatar os sonhos de quem vivia na região. "Muitos moradores aderem os acordos para evitar uma longa disputa na justiça. Ou você aceita ou você aceita", criticou. 

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