MORTE NA CASA DE CÂMBIO

Julgamento de acusados no assassinato de advogado deve se estender até quarta-feira

Sinval José Alves teria mandado matar José Fernando Cabral para não pagar dívida
Por Redação 18/10/2022 - 07:47
Atualização: 18/10/2022 - 15:46
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Assessoria
Os réus Sinval,  Denisvaldo e Irlan
Os réus Sinval, Denisvaldo e Irlan

O julgamentos dos acusados no assassinato do advogado José Fernando Cabral de Lima, crime ocorrido em 2018, deve se estender até quarta-feira, segundo estima funcionários do Tribunal de Justiça de Alagoas. Sinval José Alves, Irlan Almeida de Jesus e Denisvaldo Bezerra da Silva estão no banco dos réus desde a manhã desta terça-feira, 18.  Quem preside o júri é o juiz José Braga Neto, titular da 8ª Vara.

O advogado Sinval José Alves é acusado de mandar matar José Fernando, de quem era sócio. O caso teve grande repercussão em Alagoas, quando o corpo do advogado foi encontrado no dia 3 de abril de 2018. Pelo menos 17 testemunhas serão ouvidas no julgamento, sendo nove delas pelo Ministério Público, que espera pena em torno de 30 anos para cada réu pelo homicídio qualificado.

O julgamento acontece no Fórum do Barro Duro.

Em vigor desde janeiro de 2020, a Lei Anticrime aumentou o tempo máximo de cumprimento de pena de 30 para 40 anos. Apesar de preso desde abril de 2018, Sinval continua advogando. De acordo com a denúncia do Ministério Público, o réu teria contratado Irlan Almeida de Jesus e Denisvaldo Bezerra da Silva Filho para invadirem a casa de câmbio, localizada na Ponta Verde, simulando um assalto. 

“O mandante era sócio da vítima e matou por ganância e ambição. Esperamos que o júri condene Sinval e os que, mediante pagamento, tiraram a vida de Fernando. Esperamos a condenação e também a indenização por danos morais e materiais em favor da família da vítima”, explicou o advogado Tiago Pinheiro.

A defesa de Sinval alega que não havia sociedade de fato entre o réu e a vítima, bem como que não havia dívida entre eles, como alegam testemunhas, e sim um empréstimo. “Estamos muito confiantes que o júri acertadamente conseguirá a absolvição de Sinval junto à quantidade de provas que temos”, relatou Diego Mousinho, advogado de defesa.

A dupla atirou na vítima e empreendeu fuga. Sinval José teria presenciado o assassinato já que estava ao lado do sócio no momento do crime. O plano seria ele estar presente para não levantar suspeitas sobre a autoria.

Lenilde Madeiro Cabral, esposa da vítima, durante depoimento
Lenilde Madeiro Cabral, esposa da vítima, durante depoimento

Segundo assessoria do Tribunal de Justiça, o julgamento pode ultrapassar mais de um dia por se tratar de processo complexo. José Fernando Cabral foi assassinado, aos 51 anos, com tiros disparados à queima roupa, dentro de uma sala comercial de uma galeria no bairro de Ponta Verde. O espaço pertencia ao então sócio da vítima, que virou réu no processo. 

O advogado Sinval José Alves está preso desde abril de 2018 e é apontado como o mandante do homicídio. Irlan Almeida de Jesus e Denisvaldo Bezerra da Silva Filho são acusados de atirar contra a vítima.

Todos estão presos, mas negam qualquer envolvimento com o assassinato. A Justiça já bloqueou o equivalente a R$ 2 milhões em bens de Sinval para que seja garantida a indenização da família de José Fernando Cabral (esposa e duas filhas). O acusado apelou contra a decisão, mas seu pedido foi negado. As investigações da polícia indicaram que Sinval tinha uma dívida de R$ 600 mil com a vítima, referente a honorários advocatícios recebidos pelo escritório. A morte, portanto, teria sido encomendada por causa das cobranças feitas ao devedor por parte de José Fernando.

Crime contra a honra 

Em dezembro de 2021, o advogado Sinval José Alves foi condenado por crime contra a honra. O autor do processo foi o juiz Geraldo Cavalcante Amorim, compadre de José Fernando. O motivo é que Sinval José teria usado a imprensa para difamar o magistrado com a finalidade de se safar das acusações, colocando a conduta de Amorim em xeque perante a sociedade. O juiz João Paulo Martins da Costa condenou o advogado quanto ao crime de calúnia em oito meses e sete dias de detenção, e, no que tange ao crime de difamação, em quatro meses e três dias de detenção.

DEPOIMENTOS

Segundo a esposa da vítima, a médica Lenilde Cabral, "uma semana antes do assassinato uma pessoa nos procurou e deixou um bilhete com todos os dados do Fernando e dizia: 'O senhor é uma pessoa de bem, mas tem um amigo que vai lhe trair. Por favor, ligue pra esse telefone'". 

"Fiquei aterrorizada. Eu perguntei se ele tinha inimigos, se tinha amante ou se tinha feito alguma coisa errada. E ele disse que não. 'Meu único desafeto é o meu sócio que está todo esse tempo sem me pagar, mas acho que ele não seria capaz de fazer isso'," contou Lenilde o que teria dito a vítima se referindo a Sinval. 

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