BAIRROS AFUNDANDO
CPI apura se Braskem lucrou mais com exploração ou desapropriação
Senadores tomam depoimento de geólogo e diretor da ANM nesta quarta-feiraO senador e presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a responsabilidade da Braskem no afundamento dos bairros, em Maceió, afirmou que investigará se a empresa realizou algum tipo de conta que indicasse um lucro maior, mantendo a exploração mesmo prejudicando a população dos bairros do Pinheiro, Farol, Bom Parto, Bebedouro e Mutange.
Durante depoimento de Thales Sampaio, geólogo e servidor aposentado da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e o líder do estudo que apontou, em 2019, que a empresa era a responsável pelos danos causados, o senador solicitou datas de reuniões com especialistas da empresa para poder “entender até onde vai o dolo”.
“Precisamos saber até onde vai a má-fé ou se não houve má-fé. Será que ela parou de funcionar em 2019, mesmo sabendo desde 2015, 2014 e continuou explorando [...] Será que fizeram uma contabilidade com o custo benefício para desapropriar e mesmo assim continuar lucrando com a exploração”, questionou o senador.
“Queremos saber se eles tinham faturamento e o lucro e se para eles valia a pena continuar mesmo caindo 10 mil casas, 20 mil casas.”
Em 2019, após ser responsabilizada pelo caso, a Braskem encerrou a extração do sal-gema em suas 35 minas localizadas na área urbana da cidade. Na época do encerramento, a empresa apresentou medidas como uma área de resguardo, com a realocação de pessoas e a desocupação de mais de 14 mil imóveis.
A Braskem anunciou a vedação de minas com técnicas como preenchimento com areia e tamponamento com pasta de cimento, além manter monitoramento técnico contínuo. A conclusão dos trabalhos está prevista para o período entre o final de 2024 e o início de 2025.
CPI da Braskem
A comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga danos ambientais e urbanos em Maceió causados por empreendimentos da mineradora Braskem ouve, nesta quarta-feira, 6, além de Thales Sampaio, Mauro Henrique Moreira Sousa, diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM).
Tremores em Maceió
O primeiro tremor na cidade foi registrado em 2018. Desde então, moradores das áreas de maior risco foram recomendados a deixar suas casas nos bairros do Pinheiro, Farol, Bebedouro, Bom Parto e Mutange.
Em julho de 2023, a Braskem fechou acordo com o município de Maceió no valor de R$ 1,7 bilhão em indenização pelos danos e realocação da população. O acordo, entretanto, foi assinado antes do registro dos novos abalos na cidade.