A mudança de posicionamento político do deputado federal Alfredo Gaspar (União), ex-promotor do Ministério Público de Alagoas (MP-AL) e ex-secretário de Segurança Pública, provocou um rompimento definitivo com a família Calheiros, considerada a mais influente da política alagoana.

Alfredo ganhou destaque estadual à frente do Gecoc (Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas), coordenando investigações contra políticos, o que lhe conferiu projeção junto à opinião pública. 

Em 2015, foi convidado por Renan Filho para assumir a Secretaria de Estado da Segurança Pública, quando Alagoas enfrentava uma das maiores taxas de homicídios do país. Durante sua gestão, participou pessoalmente de operações que reduziram os índices de violência, embora também tenha recebido críticas por episódios de violência policial.

Em 2016, deixou a secretaria após decisão do STF que declarou inconstitucional a nomeação de membros do MP para cargos sem relação com suas funções institucionais, e em seguida foi nomeado procurador-geral de Justiça por Renan Filho, cargo que ocupou até março de 2020. Naquele ano, Alfredo deixou o MP, filiou-se ao MDB e se lançou na política, sendo aposta da família Calheiros na disputa pela Prefeitura de Maceió. Apesar de ter ido bem no primeiro turno, acabou derrotado no segundo por JHC (PL, então no PSB).

Segundo reportagem do UOL, a ruptura definitiva ocorreu em março de 2022, quando Alfredo anunciou sua saída da pasta e do grupo político dos Calheiros, justificando que não apoiaria candidatos ligados ao PT e declarando-se bolsonarista. Naquele ano, apoiou Rodrigo Cunha (União Brasil) ao governo estadual e foi eleito deputado federal com 102 mil votos, ficando atrás apenas de Arthur Lira, mas liderando em Maceió.

Fontes ligadas aos Calheiros afirmam que a mudança de lado é vista até hoje como um ato de “traição”, considerando o investimento político feito por eles para alavancar Alfredo. Além disso, a indicação dele como relator da CPMI do INSS trouxe preocupação interna, já que a visibilidade proporcionada pelo cargo pode fortalecer sua pré-candidatura ao Senado em 2026, potencialmente ameaçando a reeleição de Renan Calheiros e também impactando o deputado federal Arthur Lira, outro pré-candidato ao Senado por Alagoas.

Alfredo, desde então, se consolidou como bolsonarista, participando de atos em apoio ao ex-presidente, criticando o STF e atacando o que chama de “quadrilha” do presidente Lula, marcando sua consolidação no cenário político estadual como adversário direto da família Calheiros.