CPI NO SENADO

Especialista sobre Braskem: “Me chamaram de doido quando apontei a culpa”

Professor Abel Galindo Marques é um dos depoentes da CPI da Braskem
Por Bruno Fernandes 05/03/2024 - 10:56

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Abel Galindo Marques, engenheiro civil e professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) revelou, durante a CPI da Braskem, nesta terça-feira, 5, ter sido chamado de “doido” quando acusou a empresa pelas rachaduras que estavam aparecendo em prédios do bairro do Pinheiro, em Maceió.

O professor é um dos maiores especialistas no caso e ficou conhecido na capital alagoana por seus alertas sobre possíveis desabamentos nas minas da Braskem em Maceió, ainda em 2018.

Segundo o professor, a desconfiança começou quando foi chamado para fazer o projeto de um reforço da fundação do condomínio Jardim Acácia, no Pinheiro, em 2017, pois o local estava rachando. “Fiz a avaliação, foi feita a obra e três meses depois estava rachado novamente”.

“Comecei a desconfiar que era a mineração, mas não tinha certeza absoluta até porque não é fácil acusar uma empresa poderosa como a Braskem… eu só acusei em 2018 me chamaram de doido”.

Em 2019, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) concluiu que a principal causa para o surgimento das rachaduras nos bairros do Pinheiro, Mutange, Farol, Bom Parto e Bebedouro foi a atividade da Braskem na região para extração de sal-gema, um tipo de cloreto de sódio utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC.

Embora a região enfrentasse rachaduras em imóveis, o caso veio a tona após fortes chuvas e um tremor de terra ocorrido em fevereiro de 2018. Desde então, a situação só se agravou, obrigando centenas de famílias a deixarem suas moradias por causa dos riscos de desabamento.

Segundo o relatório, a exploração de sal-gema, feita de forma inadequada, desestabilizou as cavernas subterrâneas que já existiam nos bairros, causando o afundamento do solo e, consequentemente, as rachaduras.

CPI da Braskem

A CPI, presidida pelo senador Omar Aziz e instaurada a partir de requerimento de Renan Calheiros, tem como objetivo investigar os impactos jurídicos e socioambientais da Braskem no afundamento do solo em Maceió. Com prazo até 22 de maio e orçamento limitado a R$ 120 mil, a comissão é composta por 11 membros titulares e 7 suplentes.


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