EDUCAÇÃO
Ifal: professor culpa "má gestão mascarada" por crise no instituto
Cortes e reprogramações impactaram as atividades de ensino, pesquisa e extensãoO professor Alexandre Fleming culpou a administração do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) pela crise financeira enfrentada pela instituição, destacando a má gestão interna e a dependência de emendas parlamentares como principais fatores. Segundo ele, essas falhas mascaram os problemas estruturais da instituição e distanciam a gestão das necessidades reais dos campi.
O reitor Carlos Guedes de Lacerda, em comunicado publicado na terça-feira, 15, atribuiu a crise ao bloqueio de 18% nas despesas discricionárias desde julho e às reprogramações de recursos. No entanto, Fleming vê essa explicação como uma tentativa de desviar a responsabilidade, argumentando que a crise também é resultado da falta de planejamento interno da gestão.
"A nota do reitor Carlos Guedes de Lacerda traz à tona um problema que não é novo: a má gestão, mascarada pela eterna dependência de emendas parlamentares, que serve como moeda de troca para tratar os campi do IFAL de forma desigual", disse o professor em seu perfil no Instagram.
"O reitor tenta atribuir ao governo a responsabilidade pelos bloqueios orçamentários e pela crise financeira, mas ignora que essa crise é também resultado de uma administração desorganizada", afirmou o professor. Fleming criticou a dependência excessiva de emendas parlamentares, que, segundo ele, resultam em uma distribuição desigual dos recursos entre os campi, atendendo a interesses políticos.
O reitor também mencionou o impacto das emendas parlamentares, que foram afetadas pela Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n. 7697, do Supremo Tribunal Federal. No entanto, Fleming argumenta que essa dependência das emendas revela uma falha maior na gestão, que não conseguiu criar alternativas sustentáveis. "A gestão central se distancia das bases, deixando a comunidade acadêmica à mercê de decisões unilaterais", afirmou.
Além disso, o professor criticou a falta de controle interno e transparência na administração da instituição. Segundo ele, a gestão deveria focar em melhorar a eficiência dos recursos disponíveis e engajar a comunidade acadêmica. "Ao invés de culpar exclusivamente o governo federal, seria mais honesto se a gestão do IFAL olhasse para dentro e refletisse sobre suas próprias falhas", concluiu.
Entenda a crise na instituição
Na última terça-feira, 15, o reitor Carlos Guedes Lacerda revelou, por meio de nota, que o Instituto Federal de Alagoas (Ifal) enfrenta dificuldades orçamentárias que estão impactando diretamente suas atividades,
Conforme o comunicado, o bloqueio de 18% nas despesas discricionárias desde julho e a reprogramação de recursos comprometeram a execução de ações como Assistência Estudantil e funcionamento das unidades.
Ainda segundo o comunicado, seguindo o cronograma estabelecido pelo governo federal, foram liberados limites de empenho no mês de setembro na ordem de R$5,6 milhões. Essa liberação de limite permitiu garantir as necessidades de empenho relativos ao funcionamento da instituição e os repasses orçamentários às Unidades, sobretudo para as ações da Assistência Estudantil.
"Ocorre que o Decreto n. 12.204, de 30 de setembro de 2024, trouxe mais uma reprogramação e o limite de empenho que seria liberado em outubro passou para o mês de dezembro. Dessa forma, no presente momento, não há liberações adicionais de limite de empenho das fontes do tesouro", diz o documento.
Em junho, o governo federal anunciou uma complementação orçamentária de R$400 milhões, dos quais R$3.202.360,00 seriam destinados ao Ifal. No entanto, “apenas R$2.402.956,00 foram repassados. O saldo de R$799.404,00 ainda está pendente, sem previsão de pagamento.”
Conforme o reitor, o bloqueio das emendas parlamentares também afetou a instituição. A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n. 7697, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu os recursos das emendas impositivas, que eram fundamentais para projetos e investimentos. O Ifal revela que “tem R$3,5 milhões de créditos não empenhados, enquanto quase R$3 milhões aguardam pagamento.”
Tais cortes e reprogramações mencionados impactaram diretamente as atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de comprometerem a manutenção de contratos e o custeio de despesas essenciais como energia elétrica e segurança. A instituição reafirma que, “apesar dos desafios financeiros, continuará oferecendo educação pública de qualidade.”